De onde eu vim?

Foto: Arquivo pessoal

*Carla Caroline

Sábado, 17 de agosto, 15h, e a pergunta que há anos carrego: “De onde eu vim?” gritou ainda mais. Tinha acabado de entrar no Museu Afro Brasil (MAB), ao lado do grupo “Quilombo Novas Histórias”, formado por profissionais e estudiosos negros.

Ali, no meio do Pavilhão Manoel da Nóbrega, próximo ao Portão 10, no Ibirapuera, buscava naquelas imagens rostos que pudessem me levar aos meus antepassados. Nagô, Congo, Benguela, Ovambo, Cabinda e muitas outras etnias. “De onde eu vim?”

Meu nariz, minha testa, o formato do meu rosto… Em qual navio negreiro os meus chegaram? Como foram capturados? Como viviam antes de serem escravizados? Não sei e talvez nunca saberei: “De onde eu vim?”.

Em cada parede do museu, em meio às abordagens culturais e sobre a influência africana no povo brasileiro, nós (depois soube que não fui a única) buscávamos mais sobre nossas histórias, nosso passado, nossa vida.

Ao contrário de muitos, que sabem dizer se têm sangue português, alemão, italiano ou francês e que, em muitos casos, conseguem traçar sua árvore genealógica, visitar a terra de sua origem e, até mesmo, conquistar a dupla cidadania, aos afrodescendentes e indígenas resta apenas a pergunta: “De onde eu vim?”.

E você, de onde veio? Eu ainda não sei de onde vim e, talvez, nunca saberei.

PS: O Museu Afro Brasil funciona desde 2004 em um edifício projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em dezembro de 1953. Apresenta parte de seu acervo na exposição de longa duração, promove exposições temporárias, além de contar com um auditório e uma biblioteca especializada. Fica aberto de terça a domingo, das 10h às 17h.

*Carla Caroline escreve aos domingos, a cada 15 dias. Quer saber mais sobre ela? Leia aqui.

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