E o vento levou…. mas tem que correr atrás

E o vento levou
Imagens: Divulgação/Warner Bros.

*Juliana G. Ribeiro

Estava procurando emprego e uma amiga ligou dizendo que o chefe dela tinha me indicado para uma vaga de jornalista em uma grande empresa brasileira com atuação internacional. Agradeci muito e pensei: “Que legal! Minha experiência com comércio exterior vai ser útil”.

Me ligaram e, enquanto esperava a data, estudei inglês e, pela internet, analisei os pontos fortes e fracos da empresa. No dia marcado, estava pronta para tentar a vaga. Escolhi uma roupa para me deixar elegante e jovial. Usei minha maquiagem mais cara, fiz escova no cabelo e peguei uma bolsa bonita.

A moça do Recursos Humanos aparentava uns 25 anos e seguiu o roteiro de uma entrevista normal de emprego. No final, questionou se eu tinha dúvidas. Perguntei quais atividades o profissional exerceria. Ela disse que conhecia pouco a rotina da área. Perguntei a faixa salarial. Ela respondeu que não podia falar, mas a chefe da área me responderia TUDO, se eu fosse chamada para a próxima etapa da seleção.

A essa altura, vi que aquilo ali não ia levar a nada.

Em clima de fim de entrevista, ela voltou a olhar meu currículo e, como se o estivesse vendo pela primeira vez, demonstrou surpresa: “ Você morou muito tempo em Brasília! Vai ser acostumar a trabalhar novamente em São Paulo? Aqui é diferente, trabalhamos muito”, e deu uma risadinha.

Por um segundo, pensei que era brincadeira. Não era porque ela voltou a ficar séria. Respirei fundo e expliquei que há profissionais de todo tipo, mas foi em Brasília onde mais trabalhei e fui exigida profissionalmente. Ela olhou como se não entendesse nada, me agradeceu e se despediu. Saí meio atordoada e nunca mais tive notícias da tal vaga.

Sempre que me lembro dessa história, sinto um nó no estômago.

Uma sensação de impotência porque planejamos e nos preparamos para a vida, mas ela sempre chega inesperadamente, para o bem e o mal. Nessas horas, tento deixar o desânimo de lado e me lembro de Scarlett O’Hara, de “E o vento levou”.

Quando vê sua casa devastada pela guerra, ela ergue a mão com o pulso fechado e, com emoção, diz: “Irei para o meu lar e pensarei numa forma de tê-lo de volta! Afinal, amanhã é um outro dia!” E assim, vamos…

 


*@julianagribeiro.jornalista é jornalista e uma das fundadoras do Vida de Adulto.

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