Lágrima doce


Família Pereira (Foto: Arquivo pessoal)

*Danielle Guimarães

Ah, dona vida de adulto, já está levando meu primogênito?
O querer ir para o mundo aos 18 anos.
O começo é a continuação…

No início deste ano, Iury entrou pra uma faculdade federal, nunca imaginei mistura tão grande de sentimentos em um só momento. A satisfação, a conquista, o desconhecido, a partida. A confusão no peito, ter consciência de que é preciso deixar ir…

Eu não consegui preparar uma mala, os braços não obedeceram.

Eu que sempre fui a primeira arrumar as malas de viagens, desta vez foi diferente.
Observava a ansiedade aflorando na pele do meu filho, louco pra começar rápido a universidade, ter sua independência, sua casa, as próprias ambições e obrigações.

Eu louca… pra ele ficar mais um minutinho aqui comigo. E, ao mesmo tempo, sentindo minha realização pessoal se realizar, foi meu maior sonho, que por “n” motivos não realizei. Agora eu vejo a história se repetindo e ele ainda na expectativa pela vida de adulto! Mal sabe ele que o melhor lugar do mundo é o colo da mãe… ou não … quem sabe… vai saber…vai depender muito de qual fase da vida você está vivendo!

O que significam quatrocentos quilômetros? Nada, mas é longe, longe dos olhos, do coração que pulsa. Fizemos a viagem de ida com o coração palpitando. O silêncio das nossas mentes era quebrado com uma dúvida de última hora:

Veio a pomada? Lembrou do cabide?

Detalhes, inúmeros que só a mente polifuncional de uma mãe é capaz de calcular. Deixar Iury em Uberlândia não foi fácil. Nunca tínhamos chorado em família, digo os quatro integrantes, assim em uma despedida. Que aperto no peito!

O pai arranca a corrente com crucifixo do pescoço e, em um último até breve, deixa no peito do filho a proteção Divina. Os quatrocentos quilômetros que já eram longe, não sei explicar, viraram mil. Ainda não cheguei de volta.

*Danielle é uma ariana arretada e baixinha briguenta (minhas águas estão se acalmando, tenho fé!). Corretora de imóveis, trabalha na mesma empresa há vinte anos. Brotou nela agora a vontade de transformar em palavras aqueles sentimentos que ficam guardados.

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