Curso de inglês não é Tinder

Foto: Washington Costa

Há dois anos descobri o mundo dos cursos de idiomas online. Descobri que o preço compensa e a liberdade de estudar a qualquer hora e lugar é o diferencial. Enfim, a praticidade venceu a desconfiança e comecei os estudos. Encontrei uma boa escola online e quando me cadastrei descobri que havia um grupo de bate-papo onde era possível conversar com pessoas de várias partes do mundo.

Coloquei foto no perfil, mas tive que trocar depois de algumas semanas. Incluí foto da calçada do Vale do Anhangabaú, região central de São Paulo. Sabe por quê? Homens e mulheres de várias partes do mundo, que confundem estudo com paquera, começaram a mandar mensagens do tipo:

“Você é bonita!”
“É solteira?”
“Tenho muita vontade de conhecer o Brasil.”
“Quer bater papo com um homem interessante?”
“Você gosta de mulheres?”

Calçada do Vale do Anhangabaú, São Paulo, SP (Foto: Arquivo pessoal)

A lista de tentativas de chamar a atenção na sala de bate-papo foi grande e incomodou porque, afinal, escola de idiomas não é Tinder. E olha que não sou Miss Brasil. Então troquei minha foto bonitinha, sorrindo, por uma foto do chão perto da Galeria do Rock. Desde então, ninguém mais me chamou para conversar. Ótimo, mas perdi uma oportunidade de praticar inglês com estrangeiros.

A história pode parecer fútil e arrogante, mas tenho visto que esse tipo de problema é muito comum entre mulheres e homens assediados em lugares onde menos se espera, como o LinkedIn, por exemplo.

É o caso da bioquímica Cássia Santos, que dia 7 de maio publicou nesse site o texto “LinkedIn não é Tinder”, que acabou viralizando e virando notícia (leia aqui). Essa, aliás, foi minha inspiração para este texto. Cássia contou que recebia cantadas diversas e um homem, inclusive, começou a mandar mensagens pelo Whatsapp usando o telefone que ela divulga profissionalmente.

Pesquisando na internet, vejo que o problema já é tema de estudos e pesquisas e começa a sair da roda de piadas para ser tratado como merece: um assunto que exige repúdio e medidas de proteção. Não é justo ter que usar foto de calçada para demonstrar seriedade e destacar o óbvio. Só quero estudar tranquila!

 

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