E se ninguém curtir minha foto?
Como eu faço para ver as fotos que estão nesse tal Instagram? Minha mãe perguntou um dia desses. Queria acompanhar as novidades da família. Aproveitando a oportunidade, criei um perfil para ela e expliquei como funciona. Depois de um tempo falando de curtidas, sobe e desce tela, clica aqui e ali, ela comenta: “Mas isso é só para ficar futricando na vida dos outros? Então não quero.”
Eu respondi que é isso mesmo. É só para ficar sabendo o que as pessoas estão fazendo, inclusive os famosos. Abri várias páginas de atores, atrizes, cantores e cantoras para ela acompanhar. Não sei se consegui mais uma usuária para o Instagram e, na verdade, nem sei se vale mesmo a pena ela entrar nesse mundo.
Eu própria, resisti muito a entrar no Instagram. Só comecei a acessar diariamente no ano passado, quando comecei a trabalhar com influenciadores digitais e, por obrigação, tinha que acompanhar os perfis. Como eu sou sempre do contra, também tinha resistido a entrar no Facebook e, bem antes, no Orkut.
Com o tempo, comecei a sentir prazer pelos likes e, claro, em bisbilhotar a vida das pessoas. Passei a achar normal a busca pela aprovação online. De vez em quando, me pego conferindo as curtidas de cada texto na página @_vidadeadulto_.
Até que ponto isto é normal? Parece uma coisa tão natural, mas hoje parei para pensar quando li que o Instagram não vai mais mostrar o número de curtidas em cada post.
A lista de quem curtiu continua aparecendo, mas será preciso contar todos para chegar ao número que antes aparecia embaixo da foto. O objetivo da “experiência”, que já está sendo feita no Canadá, é incentivar as pessoas a se conectarem com o que realmente importa para elas.
Fico pensando se isso não parece mais a piada do homem que encontra a mulher com o amante e decide queimar a cama para resolver o “problema”. Tirar o número de curtidas vai incentivar melhores relações? Acho que não. Hoje em dia tudo tem que ser “instagramável” porque se ninguém curte o que faço, eu fico triste. Simples assim.