Alô, saudade!
*Lívia Braz
Hoje acordei com saudade. Aliás faz tempo que convivo com esse sentimento. Uma dor de amor que me acompanha desde que entendo o que é amar. Começou aos seis ou sete anos quando meus avós, que moravam com a gente, se mudaram. Foram longe. dez mil quilômetros de distância. Lá, naquele tempo, era um chororô na hora da despedida e a vida seguia.
Desde então vivo uma vida de saudade. E nem confundo com nostalgia. É saudade mesmo: vontade de viver, nem que fosse por um tempinho, aquelas cenas com aquelas pessoas de novo.
Saudade de largar uma aula da faculdade para ir ao cinema com a minha mãe, ouvir o assobio do meu pai na garagem anunciando que chegava de viagem. De virar a esquina de casa devagarinho pra esperar meu avô dizer: “Oi, minha filhinha!”. Até de chegar em casa da aula, onze da noite, ver que tinha sopa no fogão e reclamar. Até disso eu sinto saudade.
Saudade dos meus amigos. Das conversas sem fim regadas a muita risada e bolo de banana quente. Descobri que esse é o sentimento que vai estar comigo pelo resto dos meus dias.
A gente faz umas pausas nessa dor. Com dia, hora e passagem marcada pra começar e acabar. É um analgésico pra dor crônica. Alivia, muito. Não resolve. A gente aprende a lidar. Sofre menos, cria novas rotinas que trazem prazer e alegria. Forma família, faz novos amigos, vive feliz. Mas a saudade, ahh essa a gente não vai se livrar jamais.
*Lívia Braz é jornalista, apaixonada por viver, amar e ser feliz!