Por que eu matei a criança em mim?

Foto: Arquivo pessoal

*Dionisio Freitas

Sou de uma geração que cresceu ouvindo a pretensa frase de que para sobreviver neste mundo é preciso deixar a criança que existe em nós tomar conta do mundo.

Pois bem, a minha criança era atrapalhada, zambeta e muito inocente. Isso deveria ser bom, mas, na realidade, me fez cambalear na vida, ser derrubado pelos concorrentes e, por confiar demais, tive, por muitas vezes, o coração ferido. No amor, com os amigos, com o trabalho.

Quem nunca pensou em algum momento, por mais breve que tenha sido, acabar com a própria vida por conta do sofrimento? A minha criança acreditou. Por um fio de momentos, eu quase me destruí, fui de encontro com a lona fria no chão. Mas o arrependimento me fez acreditar que eu tinha que mudar. De alguma forma, evoluir, ao preço que custasse.

Crescer dói, ser traído dói, aprender dói, ser leal dói, machucar dói. Ser ser humano dói. Viver é uma dolorosa via crucis, onde no final foi a dor que te ensinou, que te crucificou e te fez sangrar gotas de conhecimento. E a criança? Ela chorou e cresceu.

E acredite, depois disso todas as vezes que o espelho refletir a sua imagem você tentará sufocar a criança, enfiar ela dentro da banheira e matar afogada, para que o adulto, aquele que joga, concorre, corrompe, possa surgir e evitar a dor.

É certo? Está errado? Quem pode afirmar? Talvez isso sim, possa significar crescer…

*Dionisio Freitas é um sonhador pernambucano que decidiu viver pelo mundo. É jornalista, radialista e gestor público apaixonado pela essência das pessoas, é calejado com a vida e principalmente insistente em viver!

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