O que aprendi com a morte

Foto: Arquivo pessoal

*Elisângela Caldas

Ela chegou de surpresa (como na maioria dos casos). Pude sentir sua mão me tocar. Acreditei que fosse me levar. Olhei em seus olhos e não tive medo. Era como se estivesse pronta para partir. Pensei em me despedir, mas não sabia se teria tempo. Ela me deixou ficar.

Pensar na morte sempre me pareceu aterrorizante, contudo ao vivenciar um momento de risco real, eu me senti tranquila. A finitude da vida é algo concreto e nenhum de nós sabe quando será.

Contudo, o que a morte pode nos ensinar? Como podemos viver de forma tal que, ao partir, tenhamos a consciência tranquila de termos feito tudo aquilo que podíamos fazer?

Em meu breve momento diante da morte (que pareceu maior do que realmente foi) pude mensurar o que de fato tem valor para mim. Lembrei dos meus filhos e marido, minha mãe e irmãs, amigos queridos que ganhei da vida, meu pai, sobrinhos… Um desfile em minha mente de pessoas queridas: meu verdadeiro tesouro. Um sentimento doce e suave invadiu o meu ser.

Não tive tempo de pensar no trabalho que ficaria pendente e nem no artigo que prometi escrever há tanto tempo. Não me lembrei de nenhum dos problemas que julgo ter no dia a dia (pareciam tão pequenos, irrelevantes). Esqueci completamente aquela colega que considero difícil e do sofá que queria reformar. Não fazia diferença os fios brancos que pretendia pintar e nem o carro conquistado com tanto suor.

Naquele momento era apenas eu e minha consciência a analisar a pessoa que fui, as escolhas que fiz e as relações que cultivei. Que alegria poder olhar para a própria vida e se sentir satisfeita consigo mesmo. Felicidade talvez seja isso!

Ganhei de presente uma nova vida. Uma vida que se renova a cada dia e que me convida a refletir sobre a vida que quero ter, as pessoas que quero me relacionar, os projetos que valem a pena investir. Não quero esperar a morte para me lembrar que tenho o compromisso de saber aproveitar os momentos com o que realmente importa.

Quero uma vida repleta de vida!

*Elisângela Caldas é uma mulher idealista e apaixonada pela vida. É esposa e mãe. Gosta de viajar e estar com família e amigos.

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