Caiu a ficha

Foto: www.culturamix.com

“Já ouvi falar do U2 porque meu pai escutava quando eu era criança”

“O Ronaldo Fenômeno era chamado de Ronaldinho??”

“Agora eu entendo o significado da expressão caiu a ficha. Me explicaram.”

O primeiro comentário foi feito por uma adolescente no jornal da tevê e os outros dois ouvi de colegas de trabalho.

Para quem já passou de uma certa idade, é cômico ouvir esse tipo de coisa. Me lembro perfeitamente quando o Ronaldinho surgiu como a grande promessa do futebol brasileiro e um tempo depois apareceu outro Ronaldinho, o gaúcho. Para evitar confusões, era preciso perguntar de quem se estava falando quando o nome era citado.

Por muitos anos estive entre as mais jovens da escola, da faculdade, do trabalho. Sempre ouvia piadas por ser precoce e ficava irritada quando me pediam a carteira de identidade na porta da balada, embora já tivesse 23 anos. Quando reclamava, me falavam que um dia eu iria me lembrar dessa época e lamentar a passagem do tempo.

Lembro com muita nostalgia das fichas telefônicas e fitas cassete que usava para gravar a música que eu pedia na rádio, do sonho de ganhar um walkman e da vontade de ter mais opções para o cabelo que não fossem apenas “creme rinse rosa” e Koleston.

Mesmo assim, hoje adoro meu smartphone, o Spotify, o fone de ouvido sem fio e as várias marcas de leave-in que prometem realizar meu sonho de adolescente: acabar com o arrepiado do cabelo, hoje chamado de frizz.

Lembrar o passado tem seu lado bom, ainda mais quando inclui pessoas queridas que não estão mais aqui, mas o presente é agora. Ele passa rápido. Todo dia é hora de começar algo novo. Se não der certo, tente outra coisa, mas não deixe de pensar no futuro.

Acho que fazer planos nos deixa jovens, mesmo tendo idade para saber que a Xuxa e o Pelé já namoraram e que ter um aparelho de som “3 em 1” (rádio, fita cassete e LP) em casa era sinal de status. Para quem não sabe, LP é o mesmo que vinil e está novamente na moda, assim como óculos espelhados, tênis Adidas e calça de cós alto, a famosa “santropeito”.

Passado e futuro são mais próximos do que parece. Caiu a ficha?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *