Quero ser como os ipês amarelos
*Andrea Magalhães
Setembro chegou e com ele vem uma bagagem de emoções conflituosas. Além da emoção contagiante da vida pulsando com os ipês amarelos, colorindo a seca do cerrado e mostrando que, mesmo nos momentos da mais forte aridez há sempre um renascimento, vem a cobrança, justa ou não, de mais um aniversário a caminho!
Um ciclo de vida terminando e outro que se aproxima. Ainda não tenho problemas com a idade, mas é inevitável não ser tomada por aquele sentimento de olhar para trás e fazer um balanço de tudo que passamos, conquistamos ou não, dos sonhos realizados ou não, dos amores desejados e alguns não concretizados. Às vezes, machuca sim.
Penso que essa avaliação sob nós mesmos tem um tom cinza de crueldade. Talvez por isso tive dias chorosos, em que a saudade de quem se foi, de quem não pode enxugar meu pranto se fez mais intensa e latente dentro do peito.
E não é só a ausência de um amor que fez a passagem, senti falta dos sorrisos de amigos, distantes ou não, do vento na cara contemplando o mar, da doidinha atrevida se jogando no abismo das aventuras, pois como diz Clarice Lispector “Eu tenho medos bobos e coragens absurdas”. Sou expert nesse quesito.
Enfim, amo celebrar aniversário, isso é fato. Novos e antigos sonhos vão se renovar dentro de mim. O vermelho da paixão terá sempre seu lugar reservado no meu peito, mesmo que ela demore a chegar. O azul da tranquilidade dos dias ensolarados vai alimentar a alma.
Mas, de todas as cores, quero a intensidade do amarelo dos ipês, esses que nos enchem de fulgor. O amarelo da vida que pulsa e me diz: a vida não sabe não seguir, o tempo não sabe não passar. Tudo flui num constante devir…. Carpe Diem, Memento Mori.
Feliz mais uma primavera, doidinha.
*Andrea Magalhães é jornalista e formada em gastronomia. “Sou a doidinha dos cabelos ruivos, sedenta dessa vontade de viver a vida intensamente, e que tem como lema, também, tatuado na pele, Carpe Diem. Viva o dia de hoje!!” E que logicamente… ama um gin!