Não quero cabelos brancos

Foto: Raquel Soares

Jennifer Aniston, a musa do seriado Friends, tem 50 anos e disse à revista americana InStyle que se sente fisicamente incrível. A entrevista recente bombou, como esperado, mas o que mais chamou a atenção foi ela ter dito que não quer ter cabelos brancos e que nunca vai deixar de visitar seu colorista.

Como já é comum nesse tipo de assunto, logo surgiram dois times: apoiadores e contrários. Os primeiros dizem que ela tem o direito de decidir. O segundo grupo defende que, como personalidade pública, a atriz não deveria se submeter às imposições da indústria da beleza.

Para mim, esse tipo de discussão é muito peculiar porque cresci ouvindo na televisão e lendo nas revistas que mulher bonita é a que não tem cabelos brancos. Era um consenso da maioria. Homens grisalhos eram charmosos e mulheres mais velhas com cabelos brancos eram “descuidadas”. Se tinham o cabelo longo e branco, também podiam ser taxadas de “hippie”.

Nos últimos tempos, a liberdade de ter fios brancos passou a ser uma opção. Que bom!! A indústria da moda, claro, se atualizou e começou a oferecer a preços acessíveis aquele xampu de cor roxa, que evita o amarelado e deixa os fios sedosos e bem branquinhos.

O problema é que agora a balança parece estar pendendo para o outro lado e as cobranças para deixar de tingir o cabelo começam a prevalecer. Os que antes defendiam a liberdade parece que estão caindo na armadilha da padronização. Todo mundo agora tem que ter cabelo branco? Se decidir tingir é por que não tem personalidade própria?

Comecei a tingir meus cabelos aos 20 e poucos anos porque sempre gostei de mudar a aparência. Minha cor natural é castanho escuro, mas já tive cabelos na cor chocolate, vermelho, acaju, amêndoa, castanho dourado e outras. Nos últimos três anos, os retoques trimestrais viraram mensais porque meus fios brancos chegaram para ficar e não quero, pelo menos por enquanto, ter cabelos brancos.

Sou escrava da moda e das imposições da sociedade? Prefiro acreditar que sou livre para escolher o que, neste momento, me agrada mais. Vou mudar de ideia quando achar melhor. Espero que a ditadura de padrões não vença. Que respeitem a cor do meu cabelo, seja qual for.

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