Me chamaram de aliciadora

Foto: Fernando Franco

Assustei num primeiro momento com a brincadeira. Mas depois concordei. No último ano, aliciei muita gente. Usei meu poder de convencimento, ofereci vantagens, quase subornei. Não aceitei não como resposta. Posso ter sido chata e já adianto meu pedido de desculpas. O “aliciamento” foi um dom que descobri. E resolvi usar no mundo a serviço do bem.

Poderia formar uma quadrilha, mas estou ajudando a construir, ao lado das minhas amigas, uma rede de escritores que escrevem e transbordam afeto ao mesmo tempo. Que escrevem e se curam ao mesmo tempo que curam outros. Batizo de escritor todos que aqui já escreveram. E o nosso agradecimento a vocês vai muito além do que um MUITO OBRIGADA!

Você tem noção do que é receber um texto de uma pessoa que nunca escreveu na vida e resolve não só escrever como compartilhar seus sentimentos com desconhecidos? É uma sensação de gratidão que não consigo descrever.

Além de aliciadora, pode sim me chamar de curadora. Tive a honra e o privilégio de fazer a “curadoria” de muitos dos textos que aqui chegaram. Curadoria num sentindo muito mais amplo do que fazer escolhas do que vai ou não ser publicado. Chorei, me emocionei, me alegrei. Vivi cada história compartilhada no Vida de Adulto como se fosse minha.

Recebi cada linha com o respeito de algo sagrado, que é como deve ser tratada a história de vida de cada pessoa. Ela é única, pessoal e intransferível. Justamente por isso, sagrada. É essa comunicação que venho tentando fazer, alma com alma, coração aberto e sem pré-conceitos. Eu me abri para que novas pessoas entrassem a minha vida. E descobri que o humano que existe em mim, com todas suas limitações, existe no outro.

Sempre digo que cada texto chega ao Vida de Adulto no exato momento que tem de chegar. E a gente acolhe. Quando começamos, não tínhamos ideia da dimensão do poder da escrita. Não que eu comece a escrever e minha dor é curada. Mas eu começo a escrever, e começo a me olhar, e é um primeiro passo pra me conhecer em profundidade. E se eu permito que minha alma vai pro papel, a escrita cumpre um papel. Se isso tudo fizer sentido pra você, pode me chamar de aliciadora.

E… por falar nisso, quer escrever um texto pra gente?

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