37

Foto: Arquivo pessoal

Ontem fiz 37 anos. Ganhei um bolo com uma vela de 40. O Gustavo, meu sobrinho, na hora reagiu: “40? Tá errado! A tia Renata está fazendo só 37.” Gustavo tem 6, mas, naquele momento, julgou que fazer 40 era uma responsabilidade grande demais pra mim.

Mal sabe ele que 37 é muito mais difícil que 40. Quando eu era adolescente, achava que quando fizesse 37 anos – favor não me perguntar o porquê dos 37 porque não saberei responder – eu estaria no meu auge.

Acreditava que com 37 eu seria uma mulher incrível e plenamente realizada. Nessa idade, certamente eu teria aquele brilho próprio da Michelle Obama, a independência da Frida Kahlo, escreveria tão bem quanto a Clarice Lispector, seria tão acadêmica quanto a minha mãe, ativista política como a Simone de Beauvoir, teria sido indicada ao Oscar igual (ou junto com) a Petra Costa, isso tudo com 6 filhos lindos como os da Angelina Jolie, um casamento perfeito como o da Fernanda Lima e ainda seria amada como a Yoko Ono.

Aos 37, certamente teria me dado alta da terapia há muitos anos já. Acordaria me achando plena e dormiria tendo certeza. Teria estabilidade financeira, profissional e sobretudo, emocional. Eu me bastaria aos 37.

Ontem fiz 37 e nada mudou. Não virei Renata Obama Kahlo Lispector de Beauvoir… Continuo aqui, a mesma de 20 anos atrás, só que menos um pouco. Menos sonhadora, menos otimista, menos corajosa, menos esperançosa.

Assim como o Gustavo, mal sabia eu, que os 17 eram meu auge. Naquela idade, os sonhos eram todos (supostamente) realizáveis e as barreiras eram degraus. Nada poderia me deter aos 17.

Mas e se eu tivesse me tornado o que havia sonhado na adolescência? Certamente, não teria ao meu lado as pessoas que tenho hoje. E definitivamente, não as troco por nada. Ainda bem que o universo não me ouviu. Mais uma sorte minha.

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