De quem hoje você se sente mais próximo?
Foi a pergunta que me chegou no diário da quarentena que venho escrevendo. No universo de figuras amadas que veio à minha mente, vi que a resposta era muito mais profunda do que preencher uma lista de nomes. Olhei mentalmente para todas as pessoas próximas, de longe ou de perto, presentes ou que já partiram, e escrevi:
Me sinto mais próxima de mim.
Escrevi e fiquei relendo a frase, tentando justificar pra mim mesma a resposta que dei. Poderia parecer um isolamento dentro do isolamento. Mas não.
A proximidade comigo me revela que quero estar próxima ao outro. Isolada, venho descobrindo, no entanto, que para estar verdadeiramente com o outro, eu preciso primeiro estar presente comigo.
Eu comigo, eu com o outro e nós todos juntos porque, de uma forma ou de outra, estamos ligados. E quanto mais me aproximo de mim e do outro, mais me aproximo da força do amor Crístico que não consigo ver, mas sinto.
Quanto mais comigo estou, mais me afasto de crenças que me deixam descrentes. Quanto mais próxima estou de mim, mais perto estou de me religar a algo muito superior que não vejo. E o fato de ser invisível aos olhos não me impede de acreditar que existe. Chamo isso de fé.
Agora é tempo de restaurar a confiança e seguir adiante. Tempo de religar. Se existe a busca, o encontro chega em algum momento, assim confio. Se existe a procura, há a possibilidade da descoberta de um caminho de espiritualidade, seja ele qual for. E, muitas vezes, mesmo quando não há procura, o que nem sabíamos que buscávamos, chega.
Religar permite renascer. Nascer de novo na própria vida. Vida renovada na velha vida já vivida. Desejo que a Páscoa seja pra você essa travessia para o novo.