Porque é tão difícil dizer “Eu te amo” de novo?
*Marcela Gomes
Sempre ouvi dizer que amar dói. Nunca entendi o verdadeiro significado. Acreditava que essa dor estava no ciúme descompassado, em abrir mão do que se quer e em se inferiorizar – mesmo que inconscientemente – pelo capricho do outro.
Quando se vive por tanto tempo num relacionamento abusivo é nisso que se passa a acreditar. Que você merece essa dor e que tem que sofrer, pois ninguém mais é capaz de suportar você ou se importar com você. É o que ele te diz.
Se você ousa cobrar explicações ou exigir um pouco mais de atenção “é louca” e “precisa de tratamento”, afinal ele se preocupa tanto com seu bem-estar, como pode exigir mais? Trazer problemas para quem já faz tanto por você? Ele não se importa com os seus problemas. Seja nula. Seja nada. Ele não se importa com você. E você acredita que ninguém mais se importa.
Dizem que romper essa barreira e se livrar de um namoro abusivo é a parte mais difícil e de fato não é simples.
Não existe um passo-a-passo na internet e por mais que tenha pessoas querendo te alertar, a maioria vira as costas e acredita que você “sabe se virar”. Aquele velho “deixa pra lá”.
Mas é aí, depois que você se empodera, supera e segue adiante que chega o momento mais difícil. Amar de novo. E você vai amar. Vai querer dizer “eu te amo” e sentir culpa. Como acreditar que o amor existe depois de tudo que já passou? Que um outro alguém é capaz de te trazer paz e alegria? De te fazer sonhar e construir planos para o futuro?
É nesse momento que você entende que não precisa sentir culpa por amar. Acredite, você merece tudo que esse cara aí tá fazendo por você. Aliás, você merece o mundo porque você é foda! E tudo bem amar de novo. Se não der certo, não tem problema. Porque você não merece menos que ser feliz!
*Sou jornalista, advogada, mestranda em Mídia e Tecnologia pela Unesp e mãe do Nietzsche, meu filósofo peludo e de quatro patas! Saí da casa dos meus pais aos 17 anos em busca do sonho de cursar a faculdade de jornalismo. Meu pai foi contra. Afirmou que conhecia vários jornalistas que estavam morrendo de fome, mas eu – teimosa que sou – afirmei que na vida tem que fazer o que se ama e eu sempre tive a certeza de que o jornalismo estava no meu futuro. Cá estou, jornalista por amor.