Abrindo as janelas da alma
Estou usando a fotografia como válvula de escape, como instrumento de observação, de vazão da minha sensibilidade. E durante a pandemia aproveitei a minha janela, que tem me possibilitado enxergar e registrar tão belas paisagens, como minha cúmplice.
Antes do parar compulsório, absorta com a correria do cotidiano, não prestava tanta atenção nas cores do céu, nos pingos da chuva, nos sons, nos carros que transitam pela EPTG em Brasília – visão da minha janela.
Antes dessa pausa involuntária tudo era tão rápido, urgente, atropelado. Agora, o tempo é mais lento e estamos a viver num espaço mais contemplativo. E é pelas frestas da janela que vou observando e registrando o passar dos dias.
Há dias melhores, outros nem tanto, eu ainda estou me adaptando aos novos tempos, é um processo.
Refletindo sobre isso, hoje me dei conta que nunca me permiti parar, que quando o parar era necessário arrumava algo para preencher o vazio, me cobrava. Agora não há o que fazer, apenas parar. Parar e contemplar, parar e me permitir, parar e não me cobrar.
E apesar dos medos, das angústias, da tristeza que as vezes bate, me sinto mais inteira, mais atenta e mais crente de que dias melhores hão de vir.
Sigo, com as janelas da minha alma abertas e da minha janela vou observando e registrando as belezas do caminho. Sou grata!
*@isisdantasfotografia é soteropolitana, radicada em Brasília. Feminista, jornalista, aprendiz de fotografia, mãe de duas, mãe de autista. Veja também @mariasdapenha