Eu me arrependo?

Imagem ilustrativa para o texto Eu me arrependo, mostra uma mulher sentada no parapeito de uma janela, olhando para fora
Foto: Depositphotos

Confissões de uma quarentena ou a qualquer tempo

*Taciana Collet

Arrepender…
Faria de novo?
Com a consciência de hoje, não faria não.
Mas só tenho a consciência de hoje porque fiz e me julguei.
Fiz, está feito e convivo com as consequências das minhas ações.
Não tem como desfazer
não há apagador para o que escrevi nesse quadro.

Fiz e talvez tenha sido preciso
viver o que era pra viver.
Fiz de novo e talvez não fosse necessário repetir.
Mas nem sempre aprendo de primeira
Até aprender, eu erro
erro muito.
Só fazendo, errando e observando o erro, ele pode virar aprendizado.
Magoei?
Magoei.
Machuquei?
Machuquei.
A mim e ao outro.

Aprendi?
Confio que sim
um confiar desconfiando.
Porque a todo momento a vida me empurra pra saber se eu aprendi mesmo
somos livres para fazer escolhas, mas elas nem sempre são livres
e escorregar é fácil.
Mesmo com passos vigilantes, caio e sei que ainda vou cair muito
mas prefiro errar novos erros do que seguir errando os antigos.

Por ter magoado, machucado e errado hoje tento não julgar o outro.
Porque todos, acredite, magoam, machucam e erram.
Diz o desgastado ditado de tão repetido
prefiro me arrepender do que fiz do que daquilo que não fiz.
O que sei e sinto é que carrego tristezas por feitos e não-feitos.

Então a pergunta não é se eu me arrependo ou não.
Porque a questão me leva a um passado que eu não posso mudar
e o arrependimento aparece mesmo que eu não queira me questionar.
Sim, eu me arrependo.

Mas a pergunta que me liberta é se quero fazer diferente.
Se, daqui pra frente, quero fazer melhor.
“A(rre)prender” com os erros próprios leva ao perdão.
A começar, de mim pra mim mesma.


*@tacianacollet é uma das fundadoras do Vida de Adulto e escreve às sextas-feiras, duas vezes por mês.

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