Saudade é a palavra da vez
*Élida Gontijo
Como definir este sentimento? Seria a ausência do outro que não vemos? Ou seria algo que aperta o peito e deixa um vazio, uma vontade de estar junto de quem queremos bem?
Pensava que já tinha sentido saudades de algumas pessoas em minha vida: antepassados, como meus avós, tios, tias, que já não estão neste plano. Ou mesmo pessoas que seguiram suas vidas, em lugares diferentes, mudaram de cidade, amor, profissão e perdemos o contato apesar de tanta tecnologia. Mas a saudade do momento é bem diferente de tudo que vivi.
Sinto saudade do bom dia dos meus colegas do trabalho, do barulho da sala dos professores, da conversa dos alunos em sala de aula, do papo gostoso aos domingos na casa dos meus pais. Das tardes nas cafeterias conversando com as amigas. Da voz do padre me abençoando aos domingos para começar a semana. Das risadas das minhas sobrinhas quando estão juntas nas reuniões da família.
Ficaria aqui enumerando horas e horas aquilo que estou sentindo falta.
Há um vazio, incerteza, muitas vezes medo, um cuidado especial com a limpeza. Informações em excesso, mentiras, verdades. Muitas mudanças na forma de agir, de trabalhar. Entretanto, em meio a este vulcão de sentimentos, sinto que no centro das labaredas minha fé brota, espalha, luta, acredita, espera.
Temos tempo demais para rezar, para almoçar com a família, buscar informações, material para as videoaulas, preocupar, pre-ocupar literalmente. Acima de tudo precisamos valorizar a vida… A interrogação é o maior sinal de pontuação do momento.
Busco todos os atalhos possíveis para passar por esta quarentena, tenho muitas oscilações.
Aprendo muitas coisas, penso e espero dias melhores.
Espero quando tudo passar poder abraçar, rir, conversar, com quem amo demais e ter, assim como a borboleta, deixado o casulo para trás e alçar voos mais tranquilos, com mais fé, solidariedade e humildade. A palavra da vez é saudade… Saudade…
*Meu nome é @gontijoelida , professora de Língua Portuguesa e apaixonada pela leitura e escrita.