Sobre estar satisfeita
*Laura Figueiredo
Sexta-feira! E eu aqui, ouvindo bossa… música dos anos 70 ou 80… E me sentindo feliz! E o que te faz feliz? Acho que nos perguntamos isso o tempo todo: Quem somos? O que amamos? “Faça uma lista…”
Mas é muito louco quando simplesmente me sinto completa: uma taça de vinho, uma música que eu me identifique, uma ideia pra escrever… (lógico que depois das crianças alimentadas).
Vim passar, por 20 dias, a quarentena perto dos meus pais, com marido e filhos; computador e livros e cadernos; os compromissos pontuais, mas remotos, da minha cidade… Então, me senti completa.
Já pensou na sua família? Uma árvore: você e o marido são o caule, seus pais as raízes, seus filhos, os galhos… e tem os sogros, os irmãos, os sobrinhos… gente à beça! E você (seja em que posição está) se sentindo completa. Estou assim! “Ponha um pouco de amor numa cadência…” E com um pouco de poesia, de samba, de bossa, nessa cadência, me sinto totalmente eu mesma.
Tenho a impressão de que vivemos trabalhando, estudando, tentando sempre ser melhores, completos, buscando satisfação, o tempo todo, para aquele momento específico.
Passado esse, buscamos outra satisfação, sempre algo mais; e não nos apegamos ao momento da satisfação.
E, por aqui, a bossa continua: “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça…” E as palavras saltando na minha mente, um sorriso maroto no rosto. Satisfação. Não precisamos do extraordinário sempre, precisamos enxergar o ordinário com mais amor, satisfação e nos entendermos plenos.
Reli o que escrevi. E, claro, parece piegas! Mas é só vida real mesmo… Sempre ansiamos por algo mais, nunca estamos satisfeitos com o que temos. Aquela velha analogia da grama do vizinho.
Com toda essa pandemia e restrições, tento mesmo ver o que tenho com olhos de satisfação. Há um tanto a aprender ainda e a observar. Mas, se me percebo insatisfeita, revejo, repenso, respiro e, por fim, me reeduco a ver o que importa. E se realmente não for o suficiente, busco a completude… Mas se for suficiente, me satisfaço e me alegro – foi o que fiz hoje. E reconhecer e registrar esse momento é para mim muito especial!
* @lauraguimafig, candanga, apaixonada por terras capixabas. Vivo em um porto seguro: meu marido e filhos. Sou advogada por formação, tenho paixão pelas palavras e alimento essa paixão no do @sussurro_escrito.