Jamais duvide das montanhas que o amor é capaz de transpor, ele tudo pode
Ao escrever essas palavras, ainda estava tomada pela angústia da impotência de ver quem eu amo afastado do meu olhar e lutando pela vida. Do outro lado do ringue, Covid 19, um vírus minúsculo em sua estrutura biológica, mas capaz de devastar a vida de milhões de pessoas em um só dia. Nunca pensei que esse vírus fosse chegar tão perto, aliás a gente nunca pensa concretamente nisso.
O amor de Deus pela minha mãe nos permitiu levá-la de volta para casa, mas até chegarmos a essa etapa foi o amor, que une família e amigos em momentos desafiadores, que me fez seguir adiante enfrentando meus fantasmas e acreditando sempre que iríamos vencer. Eu não tinha outra escolha.
A internação dela durou intermináveis 12 dias de 28 horas. Isolada, apenas tendo a internet nos conectando, era um alívio. A espera pelo telefone tocar com as notícias oficiais eram sempre carregadas de medo. Mas o amor nos fortalece.
Amor traduzido nas correntes de orações, mensagens de apoio, do telefonema onde é dado a você o espaço de apenas chorar e não dizer uma só palavra.
Dói não poder correr na busca de um colo amigo e dói porque não é uma escolha não querer ir, é uma imposição que 2020 nos trouxe. Acho impossível as pessoas saírem dessa pandemia sem terem se modificado, pro bem ou pra nem tanto. Em mim, foram reacendidas lembranças dolorosas mostrando o quanto somos frágeis, mesmo me apegando ao mantra “São situações diferentes, com finais diferentes. “
Três meses depois, releio este texto. Ele ficou incompleto. Travei, não dei conta de ir adiante. Agora consigo finalizar e ver que o maior aprendizado de tudo o que vivi foi o exercício diário da “gratitude” perante a vida. Essa foto é do dia em que fomos juntas agradecer.
Hoje já lido melhor com a ameaça real que esta doença ainda exerce sobre nossas vidas. Sim, foi uma situação diferente, que potencializou em mim a vivacidade do meu CARPE DIEM, MEMENTO MORI.
Aqueles sentimentos de medo e incerteza já não pertencem mais a minha memória afetiva. Eu os liberto e me liberto. Vida que segue.
*@deajabor é jornalista e formada em gastronomia. “Sou a doidinha dos cabelos ruivos, sedenta dessa vontade de viver a vida intensamente, e que tem como lema, também, tatuado na pele, Carpe Diem. Viva o dia de hoje!!” E que logicamente… ama um gin!