Eu gosto do fluir da vida
Não posso dizer que não percebi o tempo passar. 21 anos atrás, nessa época, eu estava grávida do meu primeiro filho. Hoje, ele tem 20 anos e o mais novo, 17. No conjunto da obra, diria que o tempo passou rápido. Nos detalhes, dependendo do fato, passou devagar. Se arrastou quando o mais velho, com três meses, precisou fazer uma cirurgia.
Entregar um bebê no colo de uma enfermeira na porta de um centro cirúrgico não é para os fracos, assim como a espera pelo resultado final.
Pouco mais de uma hora que, pra mim, durou uma era. Também demorou demais o tempo de doença deles, dos febrões, dos engasgos, dos choros de dor, da recuperação do acidente do mais novo que bateu a boca no parquinho da escola.
No entanto, passou rápido demais o exato instante em que descobrimos juntos – eu e eles – que já sabiam ler. Um, dentro do restaurante, olhando para o cardápio na parede, começa a falar o que estava escrito. Encantado, me olha e pergunta: ‘Mãe, eu tô lendo?” Meu coração acelera até hoje… O outro, no trânsito, olha para uma placa e lê. Peço que diga o que está vendo em outra placa e ele responde. E mais outra. E outra. E eu digo: “Filho, você está lendo!”
Meu coração virou um sol, se iluminou. Foram tantas e tantas outras coisas que foram acontecendo. Sempre gostei demais e curti cada fase do desenvolvimento dos meus filhos. Nunca fui mãe de sentir saudade do bebê de colo quando ele já estava correndo pela casa, nem senti falta da quase independência que eles adquiriram no início da adolescência quando eles chegaram na fase atual.
O que eu gosto mesmo é de ver e participar desse fluir da vida, de ver as asas crescerem, de vê-los voar. Mas e se as asas os levarem para longe? Que assim seja, se for o melhor para eles. Passarinho não nasceu pra ficar no ninho. Passarinho nasceu pra voar!
*Claudia Brasil é jornalista, mãe de dois adolescentes, corredora amadora, amante de fotografia, chás, vinhos, gatos e aromaterapia. Ah, de trilhas também!