Tem um domingo no meu sábado
Tem um domingo no meu sábado
Depois de um feriado
Tem flores do meu passado
Minha lembrança pro meu futuro
Tem um agora que é sanduíche
Ou é sempre recheio
Tem caminho que é movimento
Melhor parte que não me parte
Tem partidas que são breves
Logo, alguém bate a porta
Tem portas que fechamos para sempre
E outras que ficam escancaradas
Tem aguardo e tem existência,
A presença não é pra ser fantasma
Entre tudo isso, somos muito mais do que aquilo que temos, mesmo que seja só o agora. E as portas fechadas são das coisas encerradas dentro da gente, é o que tem caminho aberto é do que aguardamos voltas e reviravoltas. Tem algo que é atemporal mesmo, por isso tantos contornos.
As flores lembram da vida, mesmo que cada dia algo morra, mesmo que sejam os dias que passaram.
Há partidas que nos partem e outras que nos integram. O que fica é sempre a nossa entrega.
Tem um dia no meu sábado, como muitos dias têm em mim.
Por isso, quando murcha, quero água. Quando flor, sair do vaso e ir para o meu canteiro. Quando cresço, quero jardins. Quando grande, flutuar pelas águas do rio. No fim, virar terra.
*Eu sou a @isadoracpredebon! Sou psicóloga clínica e me aventuro pelo mundo da escrita, poesia e fotografia, desde criança.