Tem um domingo no meu sábado

Isadora C. Predebon escreve sobre  Tem um domingo no meu sábado
Foto: Arquivo pessoal

*Isadora C. Predebon

Tem um domingo no meu sábado
Depois de um feriado

Tem flores do meu passado
Minha lembrança pro meu futuro

Tem um agora que é sanduíche
Ou é sempre recheio

Tem caminho que é movimento
Melhor parte que não me parte

Tem partidas que são breves
Logo, alguém bate a porta

Tem portas que fechamos para sempre
E outras que ficam escancaradas

Tem aguardo e tem existência,
A presença não é pra ser fantasma

Entre tudo isso, somos muito mais do que aquilo que temos, mesmo que seja só o agora. E as portas fechadas são das coisas encerradas dentro da gente, é o que tem caminho aberto é do que aguardamos voltas e reviravoltas. Tem algo que é atemporal mesmo, por isso tantos contornos.

As flores lembram da vida, mesmo que cada dia algo morra, mesmo que sejam os dias que passaram.

Há partidas que nos partem e outras que nos integram. O que fica é sempre a nossa entrega.

Tem um dia no meu sábado, como muitos dias têm em mim.

Por isso, quando murcha, quero água. Quando flor, sair do vaso e ir para o meu canteiro. Quando cresço, quero jardins. Quando grande, flutuar pelas águas do rio. No fim, virar terra.


*Eu sou a @isadoracpredebon! Sou psicóloga clínica e me aventuro pelo mundo da escrita, poesia e fotografia, desde criança.

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