Tempo de escrever…
Escrever é assim como colocar algo de si no mundo. Escrevo para me concretizar. Como se eu não fosse concreta…
Sim, a concretude do corpo, das ações realizadas, das palavras ditas. Tudo isso me concretiza, mas me coloca em relação, me traz de volta consequências nos encontros, na forma como o mundo responde.
Mas escrever… Escrever me conecta comigo mesma. Me concretiza para mim.
Se eu mostrar meus escritos, o mundo vai responder também, mas antes disso acontecer eu me deparei comigo, e reagi ao que vi de mim. E pude mudar, responder, transformar, negar, aceitar.
Pude enfim, me enxergar nas memórias que fluem para um conto, nas emoções que se transformam em poesia, nos pensamentos que se fazem imagens… Transbordando em jorros de palavras, expressões e significados que talvez eu nunca de fato notasse, se eu não escrevesse.
No papel, nas linhas, enquanto escrevo e depois quando leio, posso finalmente pegar meus pensamentos, minhas emoções, minhas vontades. E se eu posso pegar, posso me relacionar com eles.
Por isso escrevo. Para me concretizar e poder me pegar. Concretizar o que tenho de mais sutil, essencial, impalpável: Eu. Pegar a essência dessa individualidade que se doa e se esvai… Pegar assim com a mão, com o papel e a caneta. Alcançar o que não se esvai, mas que também não se materializa.
Agora chegou a hora de expressar isso. Esse algo que é meu, só meu. Que só eu tenho, ou melhor, que só eu sou. Ou ainda: que só eu tenho porque só eu sou.
É tempo de escrever.
*Receita de Alexandra, @alexandramettrau da @trinusformacao: junta num caldeirão 7 vezes 7 anos mais 1 de muita sede de compreensão, fome de justiça e ânsia de liberdade com interesse pela natureza. Acrescenta autoconsciência e consciência social, com cuidado, para não empelotar. Nunca esquece que sempre dá para melhorar, então, nunca para de inventar!
