Quando o silêncio era a melhor opção
Esses dias me recordei de um episódio que me marcou muito. Aconteceu há mais de 10 anos. Um dia encontrei com um ex-diretor, por acaso, em um supermercado.
Ele estava acompanhado da esposa e, ao me ver, ambos vieram em minha direção. Conversamos por alguns instantes. Na época, quando eu decidi pedir demissão ele havia feito uma contraproposta pra eu ficar na empresa onde estava há quase dois anos. Mas eu recusei. Queria seguir caminhos diferentes a partir dali.
Durante os poucos minutos que falamos naquele encontro casual até pensei que ele estava sendo gentil ao perguntar sobre o meu trabalho novo, a adaptação em uma cidade nova. Família e amigos que havia deixado pra trás. Ledo engano.
“Tomara que não dê certo pra você ter que voltar e me pedir emprego”, disse ele sorrindo ironicamente. Na hora eu fiquei sem reação. Apenas sorri e a conversa terminou ali. Mas a vida continuou.
“Ah, Talita, mas ele gostava do seu trabalho. Queria que voltasse à empresa”. “Foram palavras mal colocadas”. Foi o que ouvi ao compartilhar esse episódio que me fez refletir. Sobre nosso trabalho, nossas conquistas pessoais, sobre a vida e que aprendemos com momentos assim.
Hoje, se eu pudesse reencontrá-lo, diria que há dez anos dá certo, sim. De uma forma ou de outra. Um pouquinho por dia. Numa árdua trajetória de erros e acertos, de muitas lutas e de vitórias. De aprendizado. Diria que pra subir degraus ou ladeiras há dificuldades. Há cansaço, choro, noites inteiras de trabalho. Há abdicação. Mas que a sua determinação fala por você. Que suas conquistas respondem por você.
Descanse se estiver cansado. Mude o caminho ou a direção. Mas nunca desista ou se deixe abater por quem apostou contra. Por quem torceu pelo seu fracasso. E que antes de ser um excelente profissional, seja um bom ser humano.
*@talitazaparolli é jornalista, já passou dos 30, é sagitariana, adora sentar na areia da praia pra contemplar o mar e pensar na vida. É tagarela desde criança.