O amor sem glamour, o amor que dura

Foto: Arquivo pessoal

*Mariana Londres

As melhores histórias de amor são as de amores curtos, interrompidos tragicamente, proibidos. Romeu e Julieta, Inês e Dom Pedro, Marília de Dirceu. Histórias de amor que, na verdade, sejamos honestos, deram errado. E quando dão certo, nos contos de fadas, terminam em “e foram felizes para sempre”.

Mas ninguém conta como. Porque no caminho do “final feliz” até o “para sempre” sai o conto de fadas e entram as contas para pagar, as camas para arrumar, os filhos para criar. Os detalhes cotidianos que poderiam transformar o conto em tragédia.

A narrativa do amor de todos os dias se esconde nas noites de Natal passadas juntos por anos e anos. Nas viagens em família. Nos silêncios compartilhados. Nas pequenas delicadezas do dia a dia. Em um: “deixa que eu arrumo pra você”. Ou no hábito de dormir todas as noites de mãos dadas. Ou na história contada antes de dormir que te leva a um ataque de riso.

Isso é o amor de todos os dias. O amor nos detalhes. Sem glamour. De longo prazo. Que dura.
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Como disse Contardo Calligaris, no maravilhoso texto “A coragem do amor que dura”: “Tendemos a glorificar aqueles que têm a coragem de chutar o balde, mas não aqueles que deslocam o balde para estancar as goteiras”. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
O amor duradouro requer coragem.
A coragem de enganar o tédio.
A coragem de resolver problemas.
A coragem de ficar. Por um longo tempo. Ou mesmo para sempre.

*Mariana Londres Pinha escreve desde criança como terapia. Nunca pensou em publicar nada pessoal, até encontrar uma editora insistente e apaixonada. Além de textos, produz relações de longo prazo e é especialista em administrar distâncias e saudades.

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