Tempos de incertezas e verdades
São tempos de tantas incertezas. Não sabemos o que virá depois disso. Quem ainda estará vivo? Será que perderemos alguém que amamos? Quantas mentes brilhantes partirão? Teremos nossos empregos? Comida? São tempos de austeridade. Tempos de guerra. E, alguns de nós, brincando.
Aqui do meu controle, me dou conta de que vivo o presente com a cabeça no futuro.
Viagem em julho organizada, o show da minha banda predileta com ingresso na mão, viagens nos feriados, mudança de apartamento e a casa para nossa reunião familiar no fim do ano já estava alugada. Nada vai acontecer.
Foi inevitável me perguntar quanto do presente estou perdendo, quando estou sempre com o pensamento meses à frente. Quantos detalhes acabei não vivendo? Aqueles detalhes que constroem nosso dia a dia e que juntos fundamentam o existir. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀
Ao mesmo tempo, são tempos de verdades. As verdades internas, necessárias, e as verdades externas. Eu tenho certeza de que existe um futuro que verdadeiramente precisa e será diferente. Sentimos falta do contato físico, das relações e reações de afeto, mas será que não estaremos ainda mais inseguros nessas demonstrações? O amor é o que nos dá verdadeiro suporte nesta caminhada.
Quanto de amor tem em nossas vidas? Verdade necessária.
Outra certeza é que meu consumo está muito além do que necessito. Até existe uma lei na minha casa que diz: para entrar um produto novo, doamos um que não usamos mais. Ainda assim, é demais. Quando foi que nos perdemos de nós mesmos?
Outra verdade. Dentro dessa incerteza toda, esse reencontro interno é certo. Claro, caso permitamos. São tempos muito duros, e será necessário ressignificar essa experiência. Para tanto, é primordial esse mergulho profundo em nossos eus. Por enquanto, tudo indica que podemos contar com o nascer e por do sol. Tomara que saibamos aproveitar essa certeza incerta.
*Ana de Rezende (@annarezzendenutri), mulher, mãe, nutricionista e doula. Escrevo para não sufocar, escrevo para amar, escrevo para sentir, escrevo para significar e ressignificar. Escrevo.