Mude algo, uma vez ao dia!


Foto: Pixabay

*Christina Lemos

Que caminho você tomou hoje na volta pra casa? De que lado da mesa se sentou para almoçar? Que cor de esmalte escolheu para as unhas? Ou não escolheu nenhuma destas coisas? Ah, você já as escolheu há muito tempo. Elas já formataram sua vida, certo? Claro. É normal. Tudo fica mais fácil, seguro… Dá um conforto, né?

Afinal, somos um amontoado de hábitos, carne e osso. E algum sentimento.

Quanto de nossa rotina são movimentos automáticos, desprovidos de pensamento? Uns bons 90%, talvez.

Mas aí chega a vida e chacoalha tudo de repente. Uma doença, uma traição, uma demissão, um tropicão e pimba! Lá se foi o conforto da automação!

Alguém pode estar preparado para isso? Claro que não. Esse tal de ”novo” é um cara difícil de lidar. Revolucionário e desorganizado. Melhor evitar. Ele chega e a gente adoece, pira, fica alérgica ou vai para o antidepressivo. Mas haveria um jeito de se adaptar? Uma vitamina que nos fortaleça diante deste movimento incontrolável da vida, que se chama “mudança”?

Há todo tipo de conselho: aceitação, religião… Mas para usar este lado do cérebro escondido atrás do automático tenho uma sugestão: mude algo, uma vez ao dia! Só uma vez, pra começar.

Troque o caminho para o trabalho. Vai que o pneu do seu carro fure e vem um gato ajudar a trocar? Reparta o cabelo do outro lado.

O “novo”, aquele cara complicado, vai provocar todo mundo que te olhar: “nossa, mudou o penteado!”

E principalmente sente noutro lugar à mesa. Subverta o ângulo da visão, obrigue-a a abrir outras gavetas do cérebro, espanar os hábitos, escancarar uma janela que esteve emperrada por muito tempo. E, sabe de uma coisa? Por essa janela vai entrar um pássaro desnorteado que vai dar um vôo rasante no meio da sala da sua alma, te fazer dar um grito de susto e depois decolar lindamente de volta para o azul. Foi nada, não! Só o “novo”!

Até que você tenha mudado umas três pequenas coisas por dia, e deixado muitos pássaros atravessarem sua sala, aí sim, você terá feito amizade com o “novo” e verá que ele é um cara fantástico, gente boa mesmo, capaz de ser seu parceiro para sempre e amaciar os tropicões da vida.

*Chris Lemos é jornalista, professora e tagarela. Adora amigos, dança, cachorro e viagem. De vez em quando, leva umas rasteiras da vida, pra ficar esperta. E tenta ficar. Duas palavras: emoção intensa.

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