Presente da web
*Dalvina Nogueira
Descobri dia desses que o Instagram me estava fazendo bullying. Enquanto muitos desfrutavam de bons recursos, lá estava eu, capengando em uma versão que não se atualizava nem com reza baiana. Perdi tempo para descobrir que o jeito era criar uma nova conta. Só que teria que começar minha teia de seguidores do zero.
Sem perder tempo comecei a seguir “deus e todo mundo”. Comecei pelos meus próprios ex-amigos virtuais – existe isso? – e foi aí que a mágica aconteceu…
Eu, estudiosa das formas virtuais de se relacionar, sou uma apaixonada pela web. Através da net já resolvi alguns parangolés emocionais e práticos. Um deles foi a explicação de um namoradinho de juventude que me deixou às lágrimas ao terminar o affair em meras 24 horas. Ele me achou na rede só para colocar aos meus pés quarentões 20 anos de arrependimento pela imaturidade de outrora.
Mas voltando à aventura no Instagram, devo dizer que o mar digital, em ondas, veio dar na praia, e trouxe com ele a mensagem da minha grande amiga Taciana. Somos contemporâneas de faculdade de Jornalismo e desde então estamos nesse eterno reencontrar de duas almas que se afinam.
Que não vejo a Taciana, vão aí muito mais de 10 anos, embora ela more em Brasília e eu, Goiânia. É perto, porém, um abismo passou a existir entre nós. Um buraco onde jogamos toda correria, busca de interesses distintos, o criar das filhas, “a vida de adulto”. E eis que chega a tecnologia para unir novamente pessoas que jamais deveriam se separar. Não fora a web, Taciana ficaria lá e eu aqui.
Que as redes sociais têm um “quê” de fake news, ah isso tem! Porque ninguém pode ser assim tão feliz e levar uma vida tão mais emocionante que a nossa. Mas isso é o ônus porque o bônus compensa! Compensa os amores que se tornaram líquidos, a pressa em ler e passar a página.
O bônus vem em forma de pessoas que nos são presenteadas pela vida e que no descuido deixamos escoar pelos dedos e, de repente, temos a chance para trazer para bem pertinho, para nunca mais deixar ir. Amigos para sempre, não só no virtual. No real, no abraço, na conversa boba de um fim de tarde, de um fim de vida, quem sabe?
*Dalvina Nogueira é jornalista, não só por formação, mas por convicção. Desde muito cedo aprendeu que uma história, se bem contada, vale as páginas e o trabalho de um livro. Formada em Comunicação Social/jornalismo pela Universidade Federal de Goiás, acredita que a felicidade é, acima de tudo, uma opção de vida. Ahh, dos seus projetos de vida, o melhor ela destaca: ser mãe da Júlia!