Realismo, mas não o fantástico


Foto: Arquivo pessoal

*Noéli Nobre

Desde junho do ano passado, estou viciada, completamente dependente, da série de autoficção Minha Luta, de Karl Ove Knausgård. São seis livros, mais de três mil páginas, onde este norueguês analisa e reinventa sua vida. A descrição detalhada de fatos corriqueiros me absorve por inteiro, me sinto vivendo aquela vida entre Noruega e Suécia.

Karl Ove é um homem escrevendo como homem. Sua honestidade é crua e chocante. Escroto para uns, para mim corajoso. É preciso coragem para falar de si da forma como ele fala.

Eu deveria ler mais mulheres, mas acabo lendo muitos homens. Gosto de ler homens, é uma forma de adentrar o universo masculino, entender um pouco a mente e as angústias do lado de lá.

Homem também sofre. Precisam o tempo todo provar que são alguém na vida, que são bem sucedidos. Precisam provar que são masculinos. Sofrem por amor, muitas vezes não são correspondidos, outras são abandonados.

Compreender o universo masculino me permite olhar com mais compaixão para os homens. Eles também são vítimas de uma sociedade que estabelece padrões a serem seguidos. São regras que já não cabem, mas que ainda estão aí.

*Noéli Nobre, brasiliense de raízes bandeirantes e amazônicas. Adepta do sonho, amante das palavras.

Tags: homem literatura masculino

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