Qual a distância de 8.800 km?

Foto: Arquivo pessoal

*Roberta Luiza

Faz quatro meses que não nos vemos pessoalmente! Faz quatro meses que quero vê-lo! Meu pai é, e sempre foi, uma rocha. Eu sempre o admirei demais por isso. É o cara mais forte e mais inteligente que conheci.

Nunca foi de afagos e de palavras doces. Foi sempre firme e guardou seus sentimentos meio escondidinhos. Mas eu sempre sei que o amor está lá naquele coração.

Que eu me lembre, ele nunca tinha ficado internado. Odeia consultas e exames. Um teimoso. Há 2 meses, 8.800 km distante de mim, ele sofreu um AVC. Como assim? Não podia ser. Com meu pai, não. Era óbvio que eu só imaginava o pior. Imaginava que estavam mentindo pra mim quando diziam que ele “estava bem” apesar de tudo.

Mas o que eu podia fazer? Só chorar e rezar. Foram meus únicos recursos. E foi um dos piores dias da minha vida. A maior impotência que já senti. Que filha é essa que vai ganhar o mundo e está tão longe dos pais que não consegue correr para um abraço? Me senti culpada. Pensei em voltar urgente. Mas fui me acalmando aos poucos com mensagens e ligações.

O pior passou e ele está bem de novo. Mas a minha sensação de impotência continua. Eu conto nos dedos os dias que faltam para chegar 23 de novembro, pegar o voo de volta para o Brasil, desembarcar em Brasília, pegar um ônibus, um carro (ou o que quer que seja) e rodar os 289 kms que sempre nos separaram e que hoje parecem quase nada.

Tudo que aconteceu me fez repensar todos os meus planos de futuro. Me mostrou mais uma vez o que há de mais importante na minha vida. E hoje eu só penso no nosso abraço! Só eu sei a distância de 8.800 km.

Feliz dia dos pais. Te amo, pai!!

*Roberta Luiza é retrato de liberdade; jornalista, viajante, goiana e tem 37 anos.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *