Não enxergo pelos olhos

Foto: Fernando Franco

De @luciano.a.campos

Os únicos pedaços de meu corpo pelos quais eu não enxergo são meus olhos, mas todas as impressões captadas pelos meus ouvidos, por minhas mãos, meus pés, minhas narinas ou por cada centímetro de pele são percebidas junto com imagens.

A beleza e a sublimidade do mundo estão na riqueza das percepções sensoriais: eu vejo onde não vejo e sinto cheiro do calor do sol. Literalmente eu ouço os espaços e toco o perfume de uma flor. As imagens que busco registrar nascem da busca do encontro: mente, alma e natureza.

A nebulosidade atingiu totalmente meus olhos em idade adulta, o que faz com que minha relação com o mundo visível seja ainda bem forte, assim memória e intuição talvez estejam entre os principais elementos de minha fotografia. Quando a intuição de um ambiente me sugere algo bonito em comparação com a lembrança que tenho das imagens, eu clico.

Uma história, um desejo, um sentimento. Em cada imagem, eu me revelando, me descobrindo e percebendo. Em cada detalhe do caminho, o universo escondendo-se atrás da poesia do inesperado.

Fecho os olhos ao mundo e abro-os à alma
Por uma janela mágica de música, de sonhos
Mostro meu rosto à luz de um sol brando
E sigo a beleza das imagens.

Foto: Luciano Campos
Foto: Luciano Campos
Luciano é fotografado em frente às fotos de sua autoria (Foto: Jorge Willian)

@luciano.a.campos foi fotografado por @ffrancophoto e por Jorge William. As outras fotos são do próprio Luciano. Ele nasceu com retinose apigmentar, o que o levou a uma perda gradual da visão, deixando-o completamente cego por volta dos 24 anos de idade.

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