Morreu ainda vivo

Foto: Depositphotos

*Rodrigo Vilela

A história começa estranha, mas é verdade. Na minha vida amorosa há o registro de dois namoros e um total de zero ex. Até dois dias atrás. Explico: no relacionamento com a pessoa 1, nós terminamos e ela se mandou. Olha, não foi do bairro, da cidade ou do estado. Mudou logo de continente. Disse que me amava demais pra me ver vivendo com outra pessoa… fez as malas e cascou fora. Quando retomamos contato, éramos amigos. Nunca foi “ex”.

A pessoa 2, assim que terminamos, ainda ficava aquela tensão sexual. As recaídas viravam retomadas do namoro e assim fomos levando por alguns anos. No fim de semana, depois de uma briga, vi que, em uma festa, lá estava meu par protagonizando beijos e mais beijos. Ainda restava aquela sensação de “caso não resolvido”. Me incomodou. Refleti e concluí, “taí! Isso é ex”.

Terminar uma relação quando você ainda gosta da pessoa, e ela gosta de você, é osso. Mas sou muito pragmático. Acho que essa conversa mole de “o fim é um recomeço” é pura balela. O fim é isso mesmo, o fim. Penso que se algo for “recomeçar” ou “se iniciar” vinculado a isso, a coisa já começa contaminada. Energia ruim. Então, o fim é mesmo o fim.

Desenhado o cenário, o que fazer? Matar a pessoa! Não ao pé da letra. Mas fingir que morreu. É só trabalhar a cabeça que ela compra a ideia. Já matei várias, em outras situações, e sei que funciona.

Não tenho o menor interesse em manter amizade com quem virou ex. Também não vou receber nenhuma pensão. O que vou ganhar com essa ex-relação? Nada. Sendo assim, ainda vivo, morreu!

*Jornalista reconhecido pelo Estado desde que se formou, mas começou bem antes.

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