Amor maior que eu
*Sara Costa
Eu não tive os pais mais normais do mundo e nem os mais certinhos. Mas eles me amaram muito da maneira deles, hoje eu sei disso.
Hoje que sou mãe e sei de cada sacrifício e de cada renúncia que eles tiveram que fazer para me criar, cada noite de sono perdida, cada alegria e cada tristeza também.
Tive o imenso prazer de conviver com meu pai por 31 anos cheios de altos e baixos, mas quer saber de uma coisa? Dos baixos, eu nem me lembro mais. Só lembro do riso fácil que ele tinha, do colo quentinho e acolhedor, dos beijos, do cheiro e dos abraços cheios de amor e carinho.
Lembro das inúmeras vezes que eu disse: “Te amo pai!”
E ele disse de volta: “Também te amo minha filha!”
Quando ele se foi no dia 14 de novembro de 2017, confesso que passei os seis meses seguintes com depressão, tomando remédios para dormir e ligando para o celular dele, mesmo sabendo que ele não iria atender.
Quando já tinha até desistido de viver por não estar conseguindo seguir sem ele, lembrei que minha mãe precisava de mim e que eu estava sendo egoísta. Passei então a estar sempre bem perto dela, curtindo cada momento, amando e cuidando. Nossa amizade só se fortalece mais a cada dia.
Certa vez, um amigo me disse que quem morre fica longe dos olhos, mas nunca longe do coração. Eu e minha mãe gostamos de imaginar que meu pai está apenas viajando, e que logo vamos nos ver de novo. Isso ajuda muito a continuar a jornada sem ele.
*Sara Costa é macapense, formada em Administração e em Gestão pública e pós-graduada em Processos Gerenciais. Um pouco teimosa, muito decidida e um tantão apaixonada pela vida. Amo a boa e velha conversa olho no olho e acredito demais em conexões humanas.