Papai, a boneca feia e as balas de coco

*Maria Augusta de Castro Souza

Há alguns anos estava passeando com minha sobrinha, entramos numa loja de importados. Ao ver uma boneca de plástico, com o corpo todo vermelho segurando um bebê nos braços, de imediato a peguei e fiquei emocionada.

Minha sobrinha disse: “Credo tia, que boneca feia!” Realmente não era muito bonita mesmo. O fato é que ela me trouxe memórias de meu pai.

Quando crianças, não tínhamos uma boa condição financeira, imagina uma família com seis filhos e pais lavradores morando em “terras alheias”.

Mas em uma das raras viagens que ele pode fazer à cidade de São Paulo, me trouxe uma boneca de presente, essa mesma boneca de tanto significado. Eu deveria ter uns sete anos de idade e a achei maravilhosa, era a primeira e única boneca que me recordo de ter ganhado dele.

Já as balas de coco, eram esperadas ansiosamente todas as vezes que ele vinha da cidadezinha que morávamos no interior para Goiânia, e ai dele se não trouxesse, eu reclamaria com certeza, pois eram a coisa mais gostosa do mundo.

Então agora que ele se foi, já adulta, não posso ver um vendedor dessas balas pelas ruas da cidade ou a boneca feia em alguma prateleira, que choro por dentro, entendendo que o gosto delas não eram só o de bala. Com certeza também tinham o gosto de amor e a boneca era a mais linda porque se transformou num laço eterno entre nós dois.


*Sou @maugusta.social, uma assistente social que está certa de que existem mais pessoas boas do que ruins, por isso quer unir-se a elas para fazer um mundo melhor. Acredita na escrita como forma de expressão da alma, na sua máxima pureza.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *