Masculinidade tóxica: uma opinião
Masculinidade tóxica seria a condição atribuída aos homens que não se conectam aos seus sentimentos e não os demonstram, em razão do pertencimento ao grupo dos “homens de verdade”, o que os destruiria emocionalmente.
Sei que ser “macho demais” faz mal, principalmente quando evitamos o doutor ou partimos para a valentia em lugar de uma conversa. Mas o conceito foi distorcido e há homens que justificam sua maldade porque o “mundo machista” os faz assim.
Sou neto de vaqueiro e filho de um pernambucano nascido e criado no sertão. Minhas referências masculinas são as mais sistemáticas possíveis. Além disso, sou homem, tenho crédito – antes que digam que estou falando bobagem.
Meu pai levou uma vida para beijar os filhos no rosto e o “vô” morreu se recusando a fazer o exame de próstata, brutos que eram. Mas nunca buscaram a aceitação. Sua aflição sempre foi a preocupação ancestral em proteger. Equivale hoje ao pavor de não conseguir criar os filhos a partir dos valores corretos, de não honrar os boletos do mês, ou de que a vida acabe diante de um cano de revólver na próxima esquina.
Mas veio a praga moderna dos homens criados na polpa do Batavinho, que justificam agir como imbecis porque precisam satisfazer a cobrança dos outros machos alfa. Para eles, a melhor parte de passar a noite com uma mulher é contar para os amigos – caso contrário, serão mocinhas. Se não agirem como grandes “comedores”, terão de chorar escondidos no banho e sucumbindo ao “peso de ser homem”.
Abra as redes sociais e verá moços fortes na academia, fazendo viagens radicais ou em reunião com os lobos do mercado financeiro. São pessoas que, no momento de se mostrarem machos para não se curvar ao grupo, tornam-se filhotinhos de rato.
Desculpem, isso não é medo de não pertencer, é conversa de picareta mesmo.
Parte dos “garotos-problema” pode ser tudo, menos criaturas escravizadas pela própria virilidade. São escravizados pelos valores deturpados.
Antes de falarmos sobre masculinidade tóxica, precisamos falar sobre caráter. Ou sobre a falta dele.
*@jlopes1975 é um cara que adora histórias de amor e torce por finais felizes. Ama fotografia, cachorros, todos os cachorros, pôr do sol, música, doce de padaria, estrada, cozinha e, no restante do tempo, trabalha e vive as alegrias e dilemas da vida real.
