De lagarta à borboleta

Gercimeri Eich Beckmann no Blog Vida de Adulto
Foto: Arquivo pessoal

*Gercimeri Eich Beckmann

Depois de quatro gestações e de várias dietas malucas, em 2017, procurei ajuda profissional. Fiz um tratamento para emagrecer, mas os problemas de saúde se agravaram e voltei a engordar. Resisti ainda por um tempo até eu entender a necessidade, no meu caso, da cirurgia bariátrica. Aí entra a analogia dessa metamorfose.

No início, eu parecia com uma lagarta – me escondia atrás da gordura, das roupas largas, me escondendo de mim e da sociedade.

Tentava me fazer invisível. A lagarta faz o mesmo – fica escondida atrás das folhas para não ser engolida por seus predadores e vai comendo até virar um casulo.

Quando cheguei ao limite de minhas forças tanto em peso quanto na saúde, comecei a me comportar como casulo. Fiquei em casa, sem vontade de ver ninguém, querendo que ninguém viesse me ver. Nesse tempo, tudo piorou. Depressão, dores infinitas da fibromialgia, tristeza…

Um dia, cansada de tudo, resolvi que era hora da mudança. Tomei, enfim, a decisão pela bariátrica. Para a borboleta surgir do casulo não é fácil. Muito pelo contrário, é cansativo, doloroso e solitário. Comigo, o processo foi igual.

Cansativo porque me foram exigidas forças tamanhas. É uma extensa lista de consultas, exames e laudos exigidos para a cirurgia. E, depois, foi necessário usar energias armazenadas para continuar firme no pós-operatório à base da famosa dieta líquida.

Dolorido, tanto física como psicologicamente. Física, porque é uma cirurgia com recuperação lenta e com 30 dias comecei exercícios físicos. Psicologicamente porque, nessa fase. o corpo emagrece mais rápido do que a cabeça. Solitário porque, por mais que as pessoas tentassem me ajudar, ninguém poderia passar por mim.

Mas, após quatro meses, posso dizer que aquele casulo se transformou em uma linda borboleta.

Já não quero ficar mais escondida. Sair para passear não me exige mais esforço, pois qualquer roupa fica bem. Trabalhar ficou bem mais fácil. Todo esse processo me é valoroso. Não me considero fracassada e nem preguiçosa por não conseguir eliminar peso sem a cirurgia. No final das contas, me considero uma privilegiada por viver esse momento lindo em minha vida.


*Meu nome é Gercimeri Eich Beckmann, 44 anos. Casada. Mãe de quatro lindos frutos desse amor. Atualmente, estou cuidando de mim (por dentro e por fora) e dos meus. Sou galinha choca assumida. Amo minha família.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *