Carta para meu sobrinho que ainda não nasceu
Yan, estamos no último trimestre de 2020, o período está chuvoso em Goiânia e um vírus nos obrigou a ficar em casa desde março deste ano, para nos cuidarmos, cuidarmos dos outros e refletirmos sobre o que realmente importa.
Como tia e madrinha, desejo que você nasça em um período mais saudável e menos perturbador, mas como você já chega em março, não acredito que isso seja possível. Então, quero te contar um pouco sobre o que aprendi no ano de sua concepção.
Aprendi que as pessoas ainda estão mais preocupadas em estarem certas do que se colocarem no lugar do outro e praticarem a solidariedade, por isso, quero conversar muito com você sobre a importância do amor ao próximo e respeito.
Vi com outros olhos o significado de sermos vulneráveis e impermanentes, por isso, quero te abraçar bastante, brincar com você como se eu fosse uma criança, cantar e dançar melodias animadas, dar risadas de coisas bobas.
Aprendi com seus pais, avós e com meus amigos de verdade que o sofrimento nos faz mais fortes e mais unidos, que sempre vamos passar por eles, mas eles trazem todo o aprendizado que precisamos. Por isso, desejo que você passe por suas dificuldades com sabedoria.
E por falar em sabedoria, constatei, mais uma vez, que sábias são vocês crianças, que nesta pandemia se preocuparam em viver o presente, ensinaram adultos a se cuidarem e mantiveram o sorriso no rosto. Por isso, não queira crescer logo, vocês são muito mais inteligentes que nós.
Em 2035 conversamos mais sobre isso. Te amo desde agora e para sempre.
*@julianastpto é jornalista e empregada pública que acredita que a escrita pode ressignificar situações e pessoas. Recarrega-se diariamente com família, amigos, livros e viagens.