Mergulho no Ar
Subi o morro hoje.
Recostei em uma árvore, e ao contrário do que eu imaginei, não quis olhar pra fora.
Fechei os olhos e olhei pra dentro.
Cada passo que dei, imaginei como seria bonita a vista lá de cima.
As casas, os prédios, as ruas que corri durante a infância, agora de um outro ângulo.
Mas quando me dei conta, meu olhos já tinham se fechado.
E eu ali, respirando fundo, sentindo a brisa leve e os raios de sol que tocavam minha pele.
A música sumiu, tudo ficou escuro, vazio, como um convite ao esvaziamento.
Sorri sem perceber, agradeci sem entender, vivi sem questionar.
Logo eu, logo eu que sempre tive tantas exaustões mentais tentando negar o inegável.
Afinal, é a razão que chama pra vida, mas é o sentimento que situa.
Agora eu sei.
Eu senti.
Orgulho-me toda vez que consigo escrever algo, tudo sempre foi história pra mim.
Memória que me abraça, me solta, me faz rir, outrora, chorar.
Isola-me, lança-me no mundo, vou e volto.
Vou pra me conectar e perceber.
Volto pra me situar e compreender.
Vou porque sou Ar, vento que corre rápido, acelerado como o planeta que me rege.
Volto porque sou Água, mergulho profundo, silêncio que nutre e faz germinar.
Ao abrir os olhos me deparei com um pássaro naquele movimento de retração das asas e descida.
Percebi que esse movimento sempre foi o que mais me chamou atenção nesse ser que me ensina diariamente.
É com eles que eu acordo e é a eles o meu primeiro “bom dia”.
Em canto, porque foi assim, foi com eles que aprendi a me comunicar dessa forma.
Respiro e agora, observo.
Sou mergulho no ar.
*Sou @ingrydmarques5, do @escrita3f, escrevo desde que me entendo por gente e guardo com muito carinho algumas produções ainda da infância e adolescência. Orgulho-me de cada texto que veio ao mundo até hoje, e agradeço diariamente a escrita que salva meus dias e me situa no mundo.