É só um até logo
A vida sempre bateu forte, né, mãe? Desde o início. Nada na sua história veio fácil, sempre que a vida tentava te mostrar como era, você estava lá pra enfrentar. Sempre foi meu maior orgulho.
Colocou os quatro filhos embaixo do braço e nos carregou, educou, corrigiu, ensinou e, principalmente, amou. Me ensinou que precisamos respeitar as pessoas, respeitar as diferenças e me ensinou a respeitar as mulheres. Essa sim, ela me ensinou bem. Mas como não poderia se meu maior exemplo foi dentro de casa. Cresci ouvindo a senhora dizer: “Não preciso de homem ao meu lado pra me ajudar em nada.” E você estava certa, não precisou.
Veio de uma família enorme, cheia de irmãos – eram 19 ao todo – e sempre teve muito orgulho deles. Meu nome, inclusive, veio em homenagem ao primeiro irmão. Tio Nilton. Carregou consigo todos os ensinamentos que a vovó te passou. A vida sempre querendo te mostrar que ela não é fácil.
Vencemos na vida e nos tornamos adultos, mas sempre que a situação arrochava eu sabia que poderia te ligar só pra gente conversar. Isso me ajudava tanto.
Até que veio essa doença e por mais que ela te castigasse, você sempre tinha fé de que venceria ela. Infelizmente a doença venceu. Levou embora a metade de mim.
O que me conforta nesse momento é saber que vamos nos encontrar de novo e sei que quando esse dia chegar você vai me abraçar tão forte, vai pegar na minha mão e vai dizer “que bom te ver de novo, meu filho. Vem que eu vou te mostrar como aqui é lindo”.
Mas esse intervalo vai ser muito dolorido. Vai ficar uma saudade imensa de você. Vou carregar você comigo dentro do meu coração até meu último dia aqui. Não é um adeus, mãe. É só um até logo! Te amo, infinitamente, minha rainha!
*@daniltonportela é um cara que vive em constante aprendizagem. Digamos que seja “uma metamorfose ambulante” e que ama sonhar e viver a vida.
