Nada tem pressa. Tudo é urgente. O que se passa com o coração da gente?
Se somos mar, nossos corações são ilhas. Ao mar. Amar. Alma. Não, não aquelas imaginárias ilhas desertas. Coração é a porção de solo que nos liga a todo resto: é ali que desembarcam os estrangeiros sentimentos e é ali que bate firme o nosso porto ou batemos em retirada.
Com ou sem razão é nele que habita a maior de todas as nossas aventuras: nossa capacidade de amar. Sim, porque é preciso não apenas ter capacidade para amar; é preciso ser capaz de amar. Parecem as mesmas coisas, não é ? Toda ilha tem capacidade de ser alcançada: algumas são de fácil acesso, nem parecem ilhas! Outras, quase inatingíveis, porções desconhecidas.
Somos rodeados das mais diversas aventuras que cada ilha vive no seu íntimo movimento de conectar-se a este mundão à beira-mar.
Conduzimos nossos embarques e desembarques. Escolhemos todos os dias se queremos em nosso corpo-porto, cais ou o caos. Parto. Chego. Ora vazante, ora cheia maré e mareada de mim mesma, transbordo.
Essa porção da gente, que da gente parece às vezes desprender-se de tão livre e navegante, é que vai justamente nos tornando melhores ilhas. Contrariando a geografia vai mapeando nossos corpos, aglomerando aqui e ali e, quando vemos, somos arquipélagos. Ninguém é uma ilha porque o maior dos nossos achados não se celebra sozinho e nem tão escondido assim está. Esse é o nosso maior tesouro: alcançar o amor. O nosso e do próximo. Urgente, gente!
*@luhstorres, do @instantedapalavra, é apaixonada por cidades e arte. É carioca, arquiteta e urbanista, com mestrado em História da Arte. Estudou Patrimônio Cultural em Berlim. Suas inspirações estão no ar, no mar e em tudo que se move, em especial os mistérios da nossa língua portuguesa e comunicação.