A mulher esquecida dentro da mãe
*Gabriela Diniz
Quando a gente tem filhos vive tudo tão intensamente que é fácil se deparar com a vida de cabeça pra baixo. Depois se depara vivendo tanto pro filho que não se percebe mais como um ser humano independente dele e que precisa se completar de outras formas.
É, eu sei… a gente sabe que precisa viver, mas está com alguns aspectos da vida em pausa e, além disso, um certo altruísmo desmedido atenuado pelo “calma, vai passar” toma conta da gente e as necessidades mais imediatas vão ficando pra depois, classificadas em “dá pra tolerar”. Só que não, amores. Viver é urgente.
A gente tem uma mania de ter que dar conta de tudo e se cobra, se quebra, se parte em pedacinhos e um sussurro lá dentro implora pra que alguém venha juntar. E, se não vem, a culpa recai sobre o parceiro, a família, a pessoa mais próxima que “deveria” fazer mais pra aliviar a carga!
MEA CULPA. Falo com conhecimento de causa.
Claro que as coisas não são iguais pra todo mundo, mas essa pausa que a maternidade traz é comum a todas: na alimentação, hábitos, carreira, estudos, vida social… Em algum ou muitos momentos, a mulher está em pausa e se não arrumar um tempinho pra si, por menor que seja, acaba ficando soterrada embaixo da maternidade.
Estive repensando essa fase e lembrei de uma descoberta, simplória, porém eficiente: os aplicativos de celular! Baixei alguns apps para estudar e manter a mente ativa, era uma forma de não ficar pra trás… e deu certo. Tive alicativo de inglês, xadrez, matemática, era o que podia fazer por mim naquele momento – morando em uma região quase isolada, dentro da mata.
E eu gostaria muito de dar essa ideia pra você que está vivendo essa pausa. Tenha um tempo só pra você, por menor que seja e pra fazer qualquer coisa, mesmo que simples.
Oi… tem alguém aí?
*Gabriela Diniz, 31, estudante de Direito e autora do blog Mamãe Quero-quero. “Me descobrindo um ser plural, nada do que já fui me define mais. Cabe meu universo inteirinho dentro de mim.”