Quando a alma tira férias
Dizem que a palavra mais linda da língua portuguesa é saudade. Para mim, é férias. E as duas andam de mãos dadas. Nas férias mato as saudades de quem mora longe, dos que não vejo há muito tempo. No final das férias já tenho saudades de casa, do trabalho, dos amigos, da rotina.
Enquanto você lê este texto, estarei de férias. E escrevo ele semanas antes porque me jogo 100%. Não deixo pendências e nem compromissos da rotina. Levo uma mala muito pequena para não carregar peso. Viajo leve de tudo.
Além de deixar obrigações para trás, aproveito as férias para me dar ao luxo de não usar salto, nem maquiagem, nem roupas que apertam. Até o celular tem uso restrito. Não leio notícias, não pago boletos, adio as DRs. Já fiz isso muitas vezes.
Demoro dias para compartilhar a viagem nas redes sociais. Acho que isso ajuda a desconectar e a se reconectar. Tenho saudades (já que o tema também é esse) do tempo analógico em que viajámos com mapa e caderninho e deixávamos os números dos telefones dos hotéis com a família para emergências. Isso sim era desconexão. Queria conseguir ficar novamente totalmente off-line. Utopia.
Fico pensando porque algumas memórias de viagens de férias são tão intensas. Muitas vezes a gente lembra a temperatura exata de uma noite de caminhada. Ou do gosto de um chocolate quente em um café específico. Ou de uma conversa com um garçom. E porque isso acontece?
Só pode ser porque nas férias conseguimos dar atenção total à experiência, à paisagem, à companhia. Não nos perdemos nas distrações diárias dos milhares de afazeres, da correria que nos afasta de viver. Nas férias, conseguimos viver de corpo e alma.