Livre, leve e solta

Foto: Depositphotos

*Laura Lisboa

Primeiro você saiu da minha vida.
Agora, finalmente, saiu de dentro de mim.
Adorei poder reocupar o espaço que você deixou. Espaço, veja. E não vazio.

Percebi que navego no Instagram sem que meus dedos me levem ao seu perfil.

Acordo pensando em mil coisas, projetos e viagens. E não mais pensando em você.

Não preciso mais me vestir pra te provocar. Falar o que você quer ouvir. Provar que sou incrível.
Posso voltar a mim.

Durante meses, a sua imagem invadia a minha cabeça sem pedir licença. Bastava eu abrir os olhos pela manhã. E depois em vários momentos do dia.
Tentei. Juro que tentei me libertar.

Cheguei a procurar um doutor. Primeiro, pedi uma pílula do esquecimento seletivo. Com a negativa dele, fui buscar ajuda na neurociência. O Dr. @pedro.calabrez me confortou.

“Vai passar. Seu cérebro está em estado de demência temporária, com características de stress, obsessão e compulsão. É a dopamina agindo no cérebro do apaixonado”.

Com o diagnóstico em mãos, só me restou me distrair. Tenho certeza que a situação foi agravada porque, apesar de ter ido embora, você quis deixar a porta aberta. Volta e meia reaparece pra ver como estou, pra manter o território sob seus domínios.

Mas não sou um país das partidas de War pra você manter exércitos só pra enfraquecer o oponente, quando o seu objetivo territorial no jogo é outro.

Recuperei a sanidade mental. Tirei você de mim. Não há mais ansiedade, compulsão, obsessão. Há paz, há liberdade. Consegui te transformar em lembrança. Em memória.

Voltei.

*Laura Lisboa é o pseudônimo de quem que só aceita escrever se estiver nos bastidores. “Em tempos de vigilância total, a maior liberdade é não ser vista”.

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