Repreender de forma grosseira funciona?
*Priscila Carneiro Hamada
Certa vez, estava dirigindo e, incorretamente, mexia no celular. Parei no sinal e um policial armado em uma viatura cheia de policiais também armados me pediu para abrir a janela. Abri e ele falou de forma extremamente educada que eu, mexendo no celular, quase causei um acidente quando fechei a viatura. Pediu para que não fizesse mais isso. Ele foi tão educado, tão educado, que eu pedi mil desculpas e queria um buraco pra enfiar minha cara.
Esse acontecimento me fez refletir que o fato dele ter sido tão educado e tão correto me fez morrer de vergonha do que fiz. Acho que quando fazemos algo errado e alguém nos repreende de forma grosseira, acabamos focando na grosseria e ficamos na defensiva.
Quando nos repreendem de forma adequada, com educação e respeito, o foco fica restrito ao nosso erro. E nos envergonhamos, nos arrependemos. Nessa minha reflexão, lembrei de um amigo que falou que preferia quando a mãe batia nele do que quando ela fazia “sermão “.
Ele se sentia pior quando ela falava do que quando ela batia. Então, pensando hoje na criação da minha filha, espero conseguir repreender, quando for necessário, de forma educada e respeitosa, sem perder a cabeça e paciência, de forma que ela possa refletir sobre o que fez e possa melhorar efetivamente. Assim como aconteceu comigo hoje.
Observação: garantir que uma mãe tenha paciência 100% do tempo acho que é tarefa quase impossível. (Muitos risos). Se já for a maior parte do tempo, acho que já está bom.
*Priscila Hamada escreve, junto com uma amiga, o blog Livre Maternidade (@livrematernidade no Instagram). A maternidade aproximou as duas, que passaram a compartilhar receios, dúvidas, experiências e ideias. “Somos duas amigas, mães, trabalhadoras, esposas, e mais tantos outros papéis, que são a favor da livre maternidade: que cada mãe seja livre para ser a mãe que deseja ser, sem culpas e sem julgamentos.”