Tempo de ressignificar

Foto de arco-íris em Palmas, Tocantins, que ilustra texto sobre ressignificação
Arco-íris fotografado em Palmas, Tocantins (Foto: Arquivo pessoal)

*Seleucia Fontes

Assim como todos, de forma consciente ou não, sou escrava do tempo. E tenho pressa, sempre corri contra ele. Quando era mais jovem, corria para conquistar o mundo.

Depois, aprendi que bastava pequenas conquistas para meu mundo particular. Mas entrar na casa dos “enta” me fez acelerar alguns processos. E tenho pressa, porque o tempo está passando e tenho muito amor pra dar, projetos a desenvolver, textos para escrever, um corpo para cuidar, pessoas e localidades para conhecer…

Por esses dias, estamos numa parada obrigatória. Confesso que me sinto em um filme de ficção quando preciso sair e dirigir por ruas vazias e passo por mascarados. A máscara caiu, queremos viver, tememos a incerteza da vida após a morte.

Tirei meu tempo para observar.

Vi pessoas que antes aliviavam suas consciências enviando donativos às vítimas de tragédias distantes disputando quase a tapas máscaras e tubos de álcool.

Vi medo nos olhos e bocas, vi negação e muitos “memes”, vídeos e piadas engraçadas, assim como “fakes” perigosos. Entramos de cabeça na era da desinformação pelo excesso de informações. Perdemos a capacidade de distinguir, não sabemos sequer compreender nossas próprias emoções!

Em outra época, estaria sofrendo fortemente com a reclusão forçada, a distância de pessoas queridas, a “falta do que fazer”. Hoje, um pouco mais madura, aproveito para ressignificar o que realmente é valioso: a relação com meu filho, o contato virtual com as pessoas queridas, o aproveitamento do tempo para projetar o amanhã.

Pela sacada do meu apartamento vejo um um duplo arco-íris dominando o céu de Palmas. O céu está lindo, é tempo de otimismo.

*@seleuciafontes 

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