Tempo de ressignificar
Assim como todos, de forma consciente ou não, sou escrava do tempo. E tenho pressa, sempre corri contra ele. Quando era mais jovem, corria para conquistar o mundo.
Depois, aprendi que bastava pequenas conquistas para meu mundo particular. Mas entrar na casa dos “enta” me fez acelerar alguns processos. E tenho pressa, porque o tempo está passando e tenho muito amor pra dar, projetos a desenvolver, textos para escrever, um corpo para cuidar, pessoas e localidades para conhecer…
Por esses dias, estamos numa parada obrigatória. Confesso que me sinto em um filme de ficção quando preciso sair e dirigir por ruas vazias e passo por mascarados. A máscara caiu, queremos viver, tememos a incerteza da vida após a morte.
Tirei meu tempo para observar.
Vi pessoas que antes aliviavam suas consciências enviando donativos às vítimas de tragédias distantes disputando quase a tapas máscaras e tubos de álcool.
Vi medo nos olhos e bocas, vi negação e muitos “memes”, vídeos e piadas engraçadas, assim como “fakes” perigosos. Entramos de cabeça na era da desinformação pelo excesso de informações. Perdemos a capacidade de distinguir, não sabemos sequer compreender nossas próprias emoções!
Em outra época, estaria sofrendo fortemente com a reclusão forçada, a distância de pessoas queridas, a “falta do que fazer”. Hoje, um pouco mais madura, aproveito para ressignificar o que realmente é valioso: a relação com meu filho, o contato virtual com as pessoas queridas, o aproveitamento do tempo para projetar o amanhã.
Pela sacada do meu apartamento vejo um um duplo arco-íris dominando o céu de Palmas. O céu está lindo, é tempo de otimismo.
*@seleuciafontes