Reinvenção dos Sentidos
O atual momento nos assola com muitas incertezas. Medidas restritivas conduzem ao isolamento e redução do contato com amigos e familiares queridos. A ausência permite acessar sentidos antes adormecidos. Novos aromas são notados à noite, em meio ao vazio, a queda na poluição deixa o ar mais leve e somado às emanações noturnas há uma sensação de bem-estar antes não vivenciado.
A observação da cidade por um outro ângulo sugere novas nuances antes despercebidas. Em cada janela dos edifícios a luz das lâmpadas difere nos lares, há tons opacos e brilhantes. Além das lâmpadas, pode-se apreciar muitas cores que se estampam nas janelas vindas dos aparelhos televisores. Forma-se um jogo de pisca-pisca multicolorido, em que as cores do arco-íris se revezam em pequenos quadrados em um muro de concreto.
A sensação tátil pode nos proporcionar o afago que tanto buscamos quando a alma grita por um aconchego. Quando não temos o contato com a pele das pessoas queridas, o afago pode ser substituído por lãs, acolchoados ou qualquer material que proporcione o acolhimento interior.
Como é bom reconhecer o silêncio, ecoando em nossos ouvidos, antes inaudível, percebido somente em feriados de quietude e reflexão.
Por horas a fio a ausência de sons é presente e uma experiência agradável envolve as rotinas diárias.
É preciso estar aberto às possibilidades de contemplação que a natureza nos oferece neste momento. Borboletas bailam em torno das flores multicoloridas, oferecendo um espetáculo em que o palco é formado por hastes, folhagens e pétalas.
Quando o exterior se cala, é preciso estar atento às vozes do nosso corpo que muitas vezes se exprime em um sussurro. A calmaria necessária favorece a percepção de sensações que pode ser um alento em meio ao turbulento e enigmático exterior que nos rodeia.
*@wiliana.s é apaixonada por livros sempre estive imersa no mundo da literatura. Há pouco tempo decidi me arriscar no desafio da escrita. Reinvenção de atividade que me trouxe muita alegria e novos olhares para o mundo.