No meio da separação, havia uma gaivota

Foto: Arquivo pessoal

*Sarah Nascimento

Meu primeiro encontro com uma gaivota foi há uns sete anos. Não assim, em uma praia estilosa, na Califórnia. Em Brasília mesmo, mais especificamente no apartamento de uma amiga. Um dia antes do encontro inesperado, em um condomínio do outro lado da cidade, eu e meu ex colocávamos um fim em nossa relação de oito anos.

Ele lançou o assunto. Eu intuía. Resignada, reconheci que era o melhor a fazermos e fui dormir. Na manhã seguinte, acordo em carne viva. Era puro sofrimento, mas não demonstrei e fui trabalhar. Lá também não toquei no assunto.

Nós ficaríamos coabitando, por um tempo, na casa que estávamos construindo e que consumia todos os nossos recursos. Então eu ainda não queria falar a respeito. Chego, no fim do dia, no apartamento da minha amiga onde choro até perder as forças.
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Em meio ao desespero com a morte que acontecia ali, eu, porém, não me dava conta de já estar sendo amparada em minha nova vida.

Horas depois, um filme em DVD com a imagem de uma gaivota voando me chama a atenção: Fernão Capelo Gaivota.

Baseado no livro com o mesmo nome, escrito em 1970, por Richard Bach, o filme tinha um narrador contando sobre o inconformismo da gaivota Fernão, diante de seus limites para voar e sua ânsia de transpor sua condição. Ele não queria voar o suficiente para se manter vivo, queria voar alto, dar rasantes no céu, ir além dele mesmo e chamar a todos para partilharem suas descobertas!

Foi banido. Vagou só em outras terras, até encontrar seu bando em uma nova vida. De volta para o presente, surpreendo-me com as gaivotas planando à beira-mar e meu coração se emociona. Entrara no filme!!

A história de Fernão se cumprira em mim; a necessidade de seguir um chamado na direção do novo, a minha vida espiritual até então inexistente. Uma vida solitária e em bando ao mesmo tempo; e que retorna para auxiliar quem se prepara para a mesma travessia.
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E eu achando que estava conduzindo meus caminhos…! Se tenho um mérito, é o de saber ouvir os sopros sagrados e seguir os sinais. Anda aos frangalhos também? Siga as gaivotas!


*@sarahnascimento.evolucao é uma das fundadoras do Vida de Adulto.

3 thoughts on “No meio da separação, havia uma gaivota

  1. Oi, Paulo!
    Muito obrigada pela sua mensagem tão carinhosa e por sua partilha também sobre as histórias a que a minha te remete. Eu vi esses filmes, sabia. Inclusive, na casa da mesma amiga em que encontrei a história do Capelo Gaivota… Uma sequência bem marcante pra ela também!
    Um forte abraço!

  2. Oi, Sarah!

    Passei por aqui seguindo o endereço que você deixou para mim no e-mail.

    Muito tocante sua história!

    Quem não tem uma história semelhante assim e conseguiu tirar mágicos ensinamentos?

    Fico feliz que você tenha conseguido vislumbrar o sopro do Destino na bela história de Richard Bach.

    Seu artigo e sua tomada de consciência a partir da narrativa de Fernão Capelo Gaivota me fizeram lembrar de outra narrativa que marcou muito minha vida.

    Deixo aqui a música tema dessa outra narrativa, o belo, difícil e tocante filme “Jean de Florette”, de Claude Berri, a partir do livro de Marcel Pagnol, que – acredito – você poderá apreciar bem melhor do que eu no original em francês. O filme tem uma continuação: “A Vingança de Manon” (cujo título original é “Manon des Sources”, Manon das Fontes).

    A música tema é de Jean Claude Petit, com base em “A Força do Destino”, de Verdi.

    Não consigo ouvir essa bela canção instrumental sem ser transportado também ao passado e sem me emocionar.

    Espero que você goste.

    Ah, aqui está o link: https://www.youtube.com/watch?v=RZ-u2nLqcEk

    Muito bom o blog de vocês!

    Fiquem com Deus, querida!

    Um forte abraço fraterno,

    Paulo Castro

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