Desnudar a alma antes do corpo nu
*Jairo Lopes
Em um velho texto, escrevi que compreendemos mal o amor e depois culpamos os outros por nossos corações partidos. Ignoramos os sinais que a vida dá alertando que, o que achamos ser romance, na verdade, é uma tragédia anunciada. Mas, por carência ou por acreditar termos o dom de mudar gente que não liga para os sentimentos alheios, sofremos novamente.
O resultado se conhece bem: sobra um nó na garganta e dias de agonia. Jeito “sutil” de dizer que o cara mau vai te fazer de idiota porque você, por mais redundante que pareça, foi idiota ao ponto de ter lhe permitido fazer isso. Salvo o azar de encontrar um sociopata – ser capaz de simular sentimentos para manipular os outros – quem você imagina ser o teu par na história, sempre vai mostrar se vem para ficar ou se só quer iludir para passar a noite e no dia seguinte dizer “qualquer dia a gente se vê.”
Só vai ficar na sua vida quem se preocupa em conhecer a sua alma nua antes de conhecer o seu corpo nu. Dirão que é clichê ou conversa de falso bom moço para “pegar alguém”. Mas é só uma verdade que, se fosse considerada, evitaria noites em claro ouvindo canções tristes e imaginando que nunca mais se vai ser feliz.
Entenda: desnudar a sua alma não é o velho convite para jantar e depois “amor de sobremesa”, como diz a música brega.
O cara legal se importa é como são os seus dias e as suas dores. Se preocupa se você está cuidando daquela sua gripe ou se está comendo direito. E isso não quer dizer que não quer te levar para a cama, porque, quando se gosta, garota, se pode esperar sorrindo.
É que nos tornamos bobos o suficiente para acharmos que já somos felizes só porque você aceitou o convite para um cinema, ou mesmo só por te ouvir contar sobre o seu trabalho, sobre a colega de academia que é uma cretina ou sobre qualquer outra coisa que nos dê um pouco mais de você.
“Cuidado” é coisa que amor precisa! Por mais que as borboletas façam festa no seu estômago, observe se o que você tem são sinais de fugazes momentos de cama ou se vão cuidar do seu coração. Você já é “grandona” o suficiente para entender quem é quem. Só não vale maldizer o mundo se preferir colocar na sua vida o “quem” errado.
*Jairo Lopes é um cara que adora histórias de amor e torce por finais felizes. Ama fotografia, cachorros, todos os cachorros, pôr do sol, música, doce de padaria, estrada, cozinha e, no restante do tempo, trabalha e vive as alegrias e dilemas da vida real.