Procura-se Juliane
*Renata Varandas
Esses dias, meu primo enfrentou uma tarde inteira de fila para resolver uma pendência bancária. Como tudo na vida tem seu lado bom – até uma interminável espera – ele pegou a senha e sentou-se ao lado da moça que lhe garantiria uma das melhores tardes da vida: dentro da Caixa Econômica. Juliane contou que era recém-formada em medicina pela UnB e que veio sozinha de Anapólis para a capital.
Os dois da área da saúde (meu primo é psicólogo) logo se entenderam. “Senha 1.497”. Era a vez de Juliane ser atendida. A moça resolveu o que precisava e voltou. Sentou ao lado do meu primo e disse: vou te aguardar. A senha dele foi chamada. O banco fechou. “Foi muito bom te conhecer”. “Igualmente, Juliane”. E foram embora. Cada um para o seu lado.
Minha tia, mãe dele, me relatou essa historia ao telefone. Histérica, berrei: “ele não pediu o telefone dela?” Ela disse: “Não. Ficou com medo de a moça achar que ele a estava assediando”. E ainda acrescentou (palavras dele): “como vou pedir o telefone de uma mulher inteligente, independente, bonita como ela? Se ela estivesse interessada, teria pedido meu contato ou oferecido o dela”.
Com esse desfecho inusitado, minha sábia tia concluiu: “Renata, isso é culpa sua e dessas bandeiras que você defende” e ainda arrematou: “Você está espantado os homens”. Mas qual é a minha culpa? A mesma da Juliane? Recentemente escrevi um texto dizendo que os homens não buscam envolvimento, buscam sexo casual. Diante do meu primo, parte da minha teoria caiu por terra. Será que estamos “espantando” os homens mesmo? Tenho um amigo que defende a teoria que mulher com essas características “demandam demais de nós, homens. Melhor focar naquelas que dão menos trabalho”.
Não sei mais o que pensar. Depois gasto meus neurônios elaborando mais uma nova teoria inútil. Neste momento, minha energia está focada em outro objetivo: achar Juliane. Se você conhece a Juliane, se você é a Juliane, entre em contato comigo. Vou te colocar em contato com o meu primo. Procura-se Juliane. Urgente.
*Renata Varandas é jornalista de profissão e escritora por paixão. Aquariana típica, é uma eterna inconformada. Ama questionar, conversar, trocar. E também cachorro, chocolate, vinho e amar.