Aceita que doi menos


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Querido amigo,

Você está sofrendo e me pede para ajudá-lo. Neste caso, eu lhe digo: pare de denegrir sua ex-esposa e o marido dela. A mulher que você hoje acusa de viver na rua e não dar atenção à suas filhas, é a mesma que abandonou a carreira quando vocês se casaram, para se dedicar à sua empresa.

É a mesma que, quando você decidiu tirá-la do seu negócio e viver com sua amante, teve de voltar ao mercado, recebendo salário de estagiária num escritório de advocacia e fazendo pós-graduação à noite. É a mesma que trabalha aos finais de semana e feriados, pois você pediu a revisão da pensão das suas filhas – para menos.

A mulher que você hoje chama de vulgar porque é maratonista e tem um corpo invejável é a mesma que, apesar da sua traição, te pediu para voltar para casa e você dispensou, dizendo que ela estava feia e desleixada.

O padrasto das suas filhas não é um aproveitador. Ele é o homem que, enquanto você curtia as vinícolas de Portugal, levava sua filha mais velha de madrugada ao hospital. É quem ia para a cozinha fazer cachorro-quente para sua filha caçula, que não parava chorar porque você estava esquiando e não atendia as ligações dela. Você sabe os filmes da Disney que ela mais gosta? Você sabe que sua outra filha já namora? Ele sabe.

Não foi a crise econômica que destruiu seu último casamento, ela apenas revelou que quem estava ao seu lado não gostava de você, mas do que você proporcionava.

Lamento que tenha aprendido da forma mais dura que o entusiasmo de uma paixão preenche alguns dias ou anos, mas não sustenta uma relação.

Um dia, você confessou que a mãe das suas filhas era a mulher da sua vida. Sim, ela foi sua companheira em todos os momentos, mas, como dizia Vinícius de Moraes, “depois perdeu a esperança, porque o perdão também cansa de perdoar”.

Algumas mulheres podem ser reconquistadas, outras partem para sempre. A mãe das suas filhas está no segundo grupo. Saia do vitimismo e refaça sua vida com outra pessoa. Invista em parceria, cuidado e lealdade. O passado não volta. Como bem disse sua filha mais velha, “aceita que doi menos”.

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